Ao final de quase três horas de depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, na 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB) leu uma carta manuscrita em que se defende das acusações e apela por sua liberdade por questões de saúde.
Segundo relatos do escritório de advocacia que defende o ex-deputado em Curitiba, Cunha informou na carta que sofre de aneurisma cerebral, “semelhante ao caso da ex-primeira-dama Marisa Letícia” e que, Complexo Médico Penal de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, onde está preso, não está sendo submetido a nenhum tipo de tratamento. Ao final da audiência, a defesa de Cunha apresentou pedido de liberdade a Sérgio Moro.
O deputado cassado Eduardo Cunha foi interrogado pela primeira vez, pelo juiz federal Sérgio Moro, no processo em que é réu na Operação Lava Jato. O ex-deputado chegou na sede da Justiça Federal por volta das 14h15 e entrou na sala de audiências por volta das 15h20 com vários documentos.
Cunha é acusado de receber propina no valor de R$ 5 milhões em contrato para a compra de um campo de petróleo pela Petrobras em Benin, na África, e de usar contas na Suíça para lavar o dinheiro. Depois da oitiva do réu, o processo entra na fase final com a apresentação das alegações finais do Ministério Público Federal (MPF) e da defesa. Após esses procedimentos, o juiz já pode proferir sentença.
De acordo com o advogado de Cunha, Marlus Arns de Oliveira, apesar de ter o direito de ficar calado, o deputado cassado iria responder a todas as questões. “É um interrogatório em que ele não deve permanecer em silêncio. Ele vai responder às questões que serão formuladas. Temos trabalhado cotidianamente o preparo das resposta às acusações que lhe foram imputadas”.
O defensor afirma também que não há, por enquanto, previsão de delação premiada. “Não há nenhuma sinalização relativa à colaboração premiada. Não se tratou dessa questão entre cliente e advogados, tampouco se tratou dessa questão com o Ministério Público. Então, não há tratativa referente à colaboração premiada de Eduardo Cunha”.
Prisão
O deputado cassado está preso preventivamente desde o dia 19 de outubro. De acordo com o Ministério Público Federal, a prisão preventiva se justifica porque há evidências de que Cunha tem contas no exterior que ainda não foram identificadas, o que poderia colocar em risco as investigações. Os procuradores também alegam que ele tem dupla nacionalidade – brasileira e italiana – e poderia fugir do país. Cunha ficou na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, mas em dezembro foi transferido para o Complexo Médico Penal, na região metropolitana da capital paranaense.
O processo contra ele foi aberto pelo Supremo Tribunal Federal, mas após a cassação do mandato, ele perdeu o foro privilegiado e a ação foi encaminhada a Sérgio Moro.
Após a prisão, a defesa de Cunha negou que ele tenha praticado qualquer conduta ilegal.
Fonte: www.wscom.com.br