Polícia investiga suspeito de 'stalking' que teria usado programa espião para monitorar ex-companheira, na PB
O que acontece..
Publicado em 29/08/2023

Monitoramento ilegal estaria acontecendo há cerca de dois anos, e a vítima só percebeu quando levou o computador para fazer manutenção e o programa foi achado pelo técnico.

Um homem de 44 anos está sendo investigado pela Polícia Civil suspeito do crime de perseguição, conhecido como “stalking”, em João Pessoa. Na manhã desta terça-feira (29), ele teve o computador e o celular apreendido após a polícia identificar a suspeita de que ele espionava a ex-companheira, há dois anos, por meio do computador dela.

 

Segundo o delegado João Ricardo, da Delegacia de Crimes Cibernéticos, a própria vítima procurou a polícia após perceber que estava sendo monitorada ilegalmente pelo suspeito.

 

“Ela relatou que o computador dela estava muito lento e que levou para fazer um conserto. Ao chegar no local, o técnico identificou que havia um programa espião instalado, foi quando ela nos procurou e, através das investigações, individualizamos o suspeito”, disse o delegado.O mandado de busca e apreensão foi cumprido na casa do suspeito, no Bairro dos Estados. Conforme o delegado, os aparelhos apreendidos podem ajudar na investigação, inclusive de outros crimes.

“Também estamos realizando uma investigação telemática, para que possamos identificar a quantidade de crimes que possam ter sido cometidos, já que a linha temporal do ‘stalking’, foi muito grande. O monitoramento aconteceu durante dois anos, até que a vítima descobrisse. Então vamos apurar as condutas e indiciar o suspeito se, porventura, concluirmos pela quantidade de crimes que ele possa ter cometido”, finalizou o delegado.

Veja como e quando denunciar o 'stalking', crime de perseguição — Foto: Daniel Ivanaskas/G1

Veja como e quando denunciar o 'stalking', crime de perseguição — Foto: Daniel Ivanaskas/G1

 

O que é stalking?

 

Centenas de mensagens ou ligações de uma mesma pessoa. Comentários invasivos em redes sociais. Perfis falsos que acompanham a sua rotina, a de seus familiares ou amigos. Notar que uma pessoa está sempre no mesmo local e horário que você.

Esses são apenas alguns sinais de uma série de situações que podem indicar que alguém é vítima de stalking (ou "perseguição", na tradução do inglês).

O stalking não é novidade, mas as redes sociais facilitaram e amplificaram o alcance dos criminosos. A prática virou crime somente em 2021, quando foi incluída ao Código Penal.

Mesmo que a perseguição seja uma prática já bastante antiga, pode ser difícil reconhecer que você ou algum conhecido é vítima de stalking para fazer a denúncia do criminoso, cessando a violência.

Como identificar?

 

Segundo a advogada Gisele Truzzi, especialista em crimes digitais, a principal característica desse crime é a repetição: "a perseguição reiterada é o primeiro sinal de alerta", explica.As formas em que o assédio pode ocorrer são variadas. No entanto, cabe destacar:

 

  • muitas mensagens de uma mesma pessoa em diversas oportunidades, mesmo sinalizando que não quer ter aquele contato;
  • muitas ligações seguidas;
  • comentários, principalmente com teor negativo, em publicações feitas em redes sociais;
  • o stalker pode criar perfis falsos em redes sociais para acompanhar o que você posta caso seja bloqueado;
  • familiares e/ou amigos começam a ser seguidos pelo stalker ou pelos mesmos perfis falsos;
  • a vítima percebe que alguém está sempre nos mesmos locais e horários que você;

 

a vítima recebe comentários que mostram que aquela pessoa te viu ou sabe sobre a sua rotina, como dizer exatamente a roupa que você estava usando ou uma foto de algo seu ou de um lugar em que você esteve.

O que fazer se estiver sendo perseguida?

 

De acordo com a advogada, é essencial ter provas da perseguição para conseguir, durante o processo, demonstrar que a história da vítima é verídica.

"Salvar e-mails, postagens em redes sociais, tirar prints (capturas de tela) de mensagens ou registrar chamadas telefônicas. Tem que armazenar tudo e nunca apagar as provas", pontua.

Para isso, o método mais comum é, justamente, a captura de tela daquilo que é recebido de forma online. Porém, Gisele ressalta que os prints, embora válidos, podem ser questionados em juízo e, em casos assim, passam por perícia para comprovar sua autenticidade.

A advogada explica que há outros dois meios de reforçar essas provas, de forma que não sejam contestadas. A primeira delas — e mais segura — é realizar uma ata notarial, que é um processo em que um tabelião certificado escreve, em um documento, aquilo que ele está vendo, o que pode ser feito com essas provas.

Gisele comenta que o tabelião é uma pessoa de fé pública e, por isso, com uma certificação de que ele está vendo uma mensagem do stalker, por exemplo, não pode haver contestações durante o processo. No entanto, essa é uma opção mais cara e pode ser considerada para casos mais graves, como ameaças.Além do registro das provas, Gisele também destaca que é importante buscar um advogado, preferencialmente focado em crimes digitais, para que medidas complementares sejam tomadas.

Fonte:https://g1.globo.com

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