Paraíba tem o maior índice de envelhecimento do Nordeste, aponta Censo 2022
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Publicado em 27/10/2023
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A Paraíba é o estado mais envelhecido do Nordeste, juntamente com o Rio Grande do Norte, conforme dados do Censo Demográfico 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado nesta sexta-feira (27).
O número que indica a informação é o índice de envelhecimento, calculado pela razão entre o grupo de idosos de 65 anos ou mais de idade em relação à população de 0 a 14 anos. Portanto, quanto maior o valor do indicador, mais envelhecida é a população.
O índice de envelhecimento da Paraíba, em 2022, era de 53. Isso significa que para cada 100 crianças, há 53 idosos no estado. Em 2010, o IBGE registrou o índice em 33,8.No Brasil, o índice de envelhecimento chegou a 55,2 em 2022, indicando que há 55 idosos para cada 100 crianças de 0 a 14 anos. Em 2010, o índice de envelhecimento era bem menor, correspondendo a 30,7, evidenciando o envelhecimento da população.
Para se ter uma noção em números absolutos, o IBGE registrou, no Censo de 2010, um total de 343.300 idosos com mais de 60 anos na Paraíba. O número aumentou 79% no Censo 2022, chegando a 615.328 idosos.
Ainda sobre o índice de envelhecimento, a Paraíba tem quatro cidades com mais idosos do que crianças. A cidade de Bom Sucesso é a que apresenta o maior índice de envelhecimento da Paraíba, com 113,1. No Censo 2022, a cidade tinha 1.140 idosos e 747 crianças.
Já a cidade de Marcação apresenta o menor índice de envelhecimento, sendo, portanto, a cidade mais jovem da Paraíba. O índice de Marcação é de 28,1. A cidade tem 996 idosos e 3.252 crianças e jovens.
Além da Paraíba ter recebido um grande volume de idosos, a capital João Pessoa também tem se destacado no volume populacional. Na primeira divulgação dos dados do Censo 2022, João Pessoa foi destaque com o maior crescimento de moradores entre as 20 cidades com as maiores populações do país.
De acordo com os dados do IBGE, a variação populacional entre 2010 e 2022, em João Pessoa, foi de 15,3%. Entre as capitais do Nordeste, também foi a que teve o maior crescimento na população. Considerando todas as cidades do Brasil, o aumento foi o quarto maior do país.
O número de idosos teve contribuição considerada para o aumento populacional na capital. Em 2010, João Pessoa tinha 74.635 idosos. Com um aumento de 65%, a população de idosos com mais de 60 anos chegou a 123.614 em 2022.Ana Lúcia Rodrigues tem 58 anos e escolheu João Pessoa para curtir a aposentadoria. Professora de história, aposentada pelo estado de São Paulo, Ana trocou a vida noturna no sudeste do país pelo sol forte onde o sol nasce primeiro, no nordeste brasileiro.
A história de Ana Lúcia com a Paraíba começa, de fato, em suas origens, nas ruas da cidade de Nova Olinda, no Alto Sertão paraibano, onde nasceram os avós maternos. Eles migraram para São Paulo em busca de trabalho, juntamente com os filhos, um deles, a mãe de Ana, que chegou no sudeste com 17 anos.
“Eu sempre tive contato com alguns primos e família que ficaram no Sertão, porém eu não conhecia a Paraíba. Estive aqui em 1995, mas um bate-volta porque eu estava no Recife. Mas em 2005 eu vim passar uma semana aqui [em João Pessoa] com o meu marido, na época nós éramos apenas namorados, e a gente falou assim, ‘nossa, que cidade legal, que bacana, tem praia, uma cidade grande, desenvolvida. Quem sabe um dia na nossa velhice, quando a gente se aposentar, a gente não vem morar em João Pessoa’, e ficamos com isso na cabeça”, conta Ana Lúcia.Com a vida agitada em São Paulo, com trabalho e família, a possibilidade de largar tudo e morar em João Pessoa precisou esperar um pouco. A vontade se realizou quando, em 2017, ela e o marido Alexandre Barone deram entrada na aposentadoria. Já no ano seguinte, em 2018, com a cidade “ainda mais maravilhosa”, Ana Lúcia e o marido fizeram de João Pessoa, morada.Para os amigos paulistas, Ana Lúcia é praticamente uma embaixadora de João Pessoa. “Através da divulgação que eu faço, muitos amigos, parentes e pessoas vieram pra João Pessoa conhecer. Inclusive, por incentivo dos amigos de eu mostrar a cidade e tudo mais, o quanto é boa a qualidade de vida, de viver em João Pessoa, eu fui estudar pra poder divulgar melhor a cidade”, explica.Para continuar aproveitando e conhecendo a cidade, Ana Lúcia fez um curso de guia de turismo regional pelo Instituto Federal da Paraíba (IFPB) e hoje já atua como guia. A rotina do casal sem filhos é aproveitar as belíssimas praias do litoral, a vida cultural que a cidade oferece e dividindo o próprio lazer e conhecimento guiando as pessoas que desejam conhecer João Pessoa.
“Sinto falta, claro, de São Paulo. Quem me fez quem eu sou é a minha Sampa querida. Temos amigos, parentes lá, sinto, sim, saudades, porque São Paulo é uma metrópole, mas quando a gente tem uma determinada idade, a gente tem que pensar na qualidade de vida”, declara Ana Lúcia.
Ana Lúcia abraçou a cidade e foi abraçada por ela, por meio dos lugares, das pessoas, do sol, do calor e da vida cultural que respira pelas ruas de João Pessoa. “A gente não tem planos e quer ficar por um bom tempo aqui. A gente abraçou a nossa João Pessoa assim como cidade querida, cidade pra ficar”, declara.
De acordo com o Censo 2022, a Paraíba tem uma idade mediana de 34 anos, o que significa que há uma concentração maior de pessoas mais velhas no estado. Essa é a segunda maior idade mediana do Nordeste, junto com Pernambuco, Rio Grande do Norte e Piauí.
A idade mediana é um indicador que permite acompanhar o envelhecimento de uma população, que significa a idade na qual é possível dividir uma população entre dois grupos: os 50% mais jovens e os 50% mais velhos. Na prática: metade (50%) da população está abaixo da idade mediana e a outra metade (50%) está acima da idade mediana. Quanto maior a idade mediana, mais envelhecida é a população.
No Brasil, em 2022, a idade mediana era de 35 anos. Já em 2010, a idade mediana era de 29 anos no país, evidenciando, mais uma vez, o envelhecimento da população.