Caso Kelton Marques: relembre morte de motoboy; Ruan Macário vai a júri nesta segunda-feira (18)
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Publicado em 18/12/2023
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O empresário Ruan Ferreira de Oliveira, conhecido como Ruan Macário, vai a júri popular nesta segunda-feira (18) por homicídio qualificado com dolo eventual, quando se assume o risco de matar, após atropelar e matar o motoboy Kelton Marques, de 33 anos.
O crime aconteceu em 11 de setembro de 2021, e o motorista do carro dirigia a 163 km/h quando ultrapassou o sinal vermelho e provocou a batida. Ele mesmo filmou o acidente com a câmera do carro (assista abaixo). O pedido de prisão preventiva foi emitido no dia seguinte, mas o empresário ficou foragido por 10 meses até finalmente se entregar às autoridades.O julgamento já foi marcado duas vezes, para o dia 14 de setembro e 24 de novembro de 2023, porém foi adiado após solicitações da defesa. Ruan Macário está preso no Presídio de Catolé do Rocha desde o dia 29 de julho de 2022.Ruan Macário deve participar do julgamento através de videoconferência após um pedido da defesa, que alegou que se deslocar até a Comarca da Capital e permanecer custodiado em uma unidade prisional pode colocar em risco a vida do cliente.
A juíza permitiu que o interrogatório fosse realizado de forma virtual, considerando os custos para deslocamento, possíveis atrasos, riscos desnecessários e, além disso, destacou que "existe um entendimento jurídico pacífico acerca da possibilidade do interrogatório do réu ser realizado de forma virtual".A defesa de Ruan Macário afirmou ao g1 que deve se manifestar apenas nos autos do processo e posteriormente durante a Sessão Plenária do Tribunal do Júri. O g1 relembrou o atropelamento que matou o motoboy Kelton Marques. Confira:Uma batida entre um carro e uma moto no bairro de Manaíra, em João Pessoa, na manhã do dia 11 de setembro, resultou na morte do entregador Kelton Marques, de 33 anos. A colisão grave aconteceu na Avenida Governador Flávio Ribeiro Coutinho, o Retão de Manaíra, pouco depois das 4h. O motorista do carro dirigia a 163 km/h no momento da batida.
O entregador morreu ainda no local, a equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionada, mas quando chegou a vítima já estava sem vida. Kelton Marques tinha duas filhas e morava em Santa Rita. Ele trabalhava em um restaurante que atendia nas madrugadas, e na hora do acidente já tinha terminado as entregas do dia e voltava para casa.Com o impacto, a vítima chegou a ser arremessada e a motocicleta teve destruição total. O carro ficou parcialmente destruído. De acordo com o delegado do caso, Luiz Eduardo, latas de cerveja e substâncias entorpecentes estavam espalhadas pelo carro do motorista.A Polícia também afirmou que o veículo estava em alta velocidade e ultrapassou o sinal vermelho. Já a motocicleta seguia em velocidade regular, cumprindo os limites de trânsito. De acordo com informações da equipe dos Bombeiros, o motorista, identificado como o empresário Ruan Macário, não chegou a ser socorrido pois fugiu do local, sem prestar socorro.
O acidente aconteceu no sentido que vai para a Orla da capital, quando o condutor do carro passava pela Flávio Ribeiro e o motociclista cruzava pela Mirian Barreto. A força do impacto chegou a derrubar o muro de um residencial que fica no local.A 3ª Vara Criminal de João Pessoa expediu no dia seguinte ao crime um mandado de prisão preventiva por homicídio qualificado para Ruan Ferreira de Oliveira, conhecido como Ruan Macário.Imagens do carro do motorista foram divulgadas à imprensa, onde foi possível perceber que além de estar a 163 km/h, o sinal vermelho foi ultrapassado. Quando o vídeo é iniciado, o motorista está perto de 90 km/h, mas em velocidade ascendente. Ele chega a ultrapassar os 150 km/h antes de reduzir a velocidade por causa de uma lombada eletrônica. Mais a frente, ele volta a acelerar. Mesmo quando entra na rua mais estreita, de acesso para a avenida Tancredo Neves, ele chega a quase 140 km/h. O motorista então entra na Tancredo, em direção ao Centro, mas com a intenção de fazer o retorno para ir em direção à praia. Inclusive, ele está a mais de 90 km/h quando tenta fazer o retorno. Não segura o carro e chega a rodar na pista.É quando ele volta a acelerar e retoma a alta velocidade. A partir daí não para mais de reduzir a velocidade. Vai pela Tancredo Neves, passa por baixo do viaduto, entra no Retão e segue acelerando cada vez mais. Chega a 163 km/h quando ultrapassa o semáforo vermelho e bate no motorista. O vídeo é encerrado neste momento.
Denúncia do Ministério Público
A Justiça da Paraíba aceitou a denúncia do Ministério Público e tornou Ruan Ferreira de Oliveira réu do caso Kelton Marques. A decisão da juíza Francilucy Rejane de Sousa Mota, que foi emitida no dia 21 de abril de 2022, entende que há indícios suficientes de autoria e prova da existência de crime.A denúncia do Ministério Público da Paraíba foi oferecida no dia 5 de abril, pelo promotor Leonardo Pereira de Assis, da Promotoria de João Pessoa.
Pedidos de habeas corpus
Antes de Ruan Macário se entregar a polícia, em outubro de 2021, a Justiça da Paraíba deu uma decisão negativa para a defesa do acusado, através da 2ª Vara do Tribunal do Júri da Capital, recusando o pedido de revogação da prisão preventiva. A decisão da Justiça alegou que os argumentos da defesa não são suficientes para revogação da custódia, e destacou que a ultrapassagem registrou um comportamento perigoso por parte do suspeito, e que, caso em liberdade, poderia colocar inocentes em risco.Em seguida, o Tribunal de Justiça da Paraíba negou, no dia 12 de novembro de 2021, um pedido de habeas corpus feito pela defesa do empresário. A defesa pediu habeas corpus com alegação de que não há provas materiais suficientes para que ele seja considerado procurado, sob o argumento de que a ausência da localização específica do empresário não significaria, necessariamente, uma fuga. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) também negou o pedido de habeas corpus de Ruan Ferreira de Oliveira. Dessa forma, o mandado de prisão decretado um dia depois da morte de Kelton foi mantido. A decisão foi publicada no dia 31 de março de 2022. De acordo com o ministro Jesuíno Rissato, desembargador convocado do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, a decisão encontra-se fundamentada na garantia da ordem pública, uma vez que o suspeito continuava foragido, sem se apresentar para prestar contas e esclarecer os fatos.
Ruan Macário é preso
Ruan Macário foi preso na manhã do dia 29 de julho de 2022, após se apresentar na Delegacia de Catolé do Rocha, no Sertão da Paraíba. Ele estava foragido desde setembro de 2021, quando o crime aconteceu. Ruan Macário se apresentou na presença do advogado. O mandado de prisão preventiva que estava em aberto contra ele foi cumprido imediatamente. Ele foi interrogado pelo delegado Miroslav Alencar, mas ficou em silêncio. O acusado foi encaminhado para o presídio de Catolé do Rocha.
Assumiu o crime
Ruan Macário assumiu ter atropelado o motoboy Kelton Marques durante uma audiência de instrução, realizada nesta quinta-feira (24), no 2º Tribunal do Júri. As informações foram confirmadas pela defesa do acusado e também pela acusação. O acusado assumiu a autoria do crime enquanto era interrogado. Segundo Ruan, ele estava fazendo uso de medicamentos para ansiedade e depressão na época do crime. Protestos
Nos primeiros três meses após a morte do motoboy, o g1 noticiou cinco protestos realizados pela categoria, pedindo justiça por Kelton e melhorias para a classe.Os trabalhadores costumavam se reunir no local do acidente, nos arredores da a Avenida Flávio Ribeiro Coutinho, o Retão de Manaíra, para reivindicar por mais segurança no trânsito.Além disso, foi comum ver pichações, cartazes e motocicletas pela cidade que carregam palavras pedindo justiça pelo motoboy.
Fonte:https://g1.globo.com