Pais liberam corpo do bebê Arthur, baleado no útero da mãe
Policial
Publicado em 31/07/2017

Abalados, pai e mãe não quiseram falar com a imprensa. Cirurgião de Arthur comentou 'não se espera de um país normal, a gente imagina um país em guerra'.

Os pais do bebê Arthur, que foi atingido por uma bala perdida dentro da barriga da mãe em Duque de Caxias em junho, estiveram no Instituto Médico Legal (IML), no Centro do Rio, na manhã desta segunda-feira (31), para liberar o corpo do bebê. Abalados e sem querer conversar com a imprensa, eles deixaram o local por volta das 10h40. O bebê morreu no domingo (30), depois de ficar internado desde junho internado no Hospital Adão Pereira Nunes, em Caxias.

Segundo nota da Secretaria Estadual de Saúde, Arthur Cosme de Melo morreu às 14h05, após apresentar piora de seu quadro clínico em decorrência de uma hemorragia digestiva intensa, por volta das 5h30 da manhã.

"A família do paciente foi informada e esteve na unidade ainda pela manhã, recebeu todas as informações sobre o estado de saúde do paciente, que esteve gravíssimo nas últimas horas. Todos os procedimentos para reverter o quadro foram adotados, porém não houve resposta clinica do paciente. A família foi imediatamente informada e esteve novamente reunida com a chefia da UTI Neonatal e equipe médica. O corpo do paciente será encaminhado ao Instituto Médico Legal, procedimento que é padrão em casos de violência (vítima de perfuração por arma de fogo, como é o caso)", acrescenta o texto, que conclui prestando solidariedade a família.

O cirurgião Luiz Fernando Ferreira Miller, que operou Arthur, lamentou a morte da criança e a situação da violência no Rio, que comparou a áreas de guerra.

"É uma condição que a gente não espera, né, em um país normal, a gente imagina de um país em guerra né. É muito difícil. A gente obviamente acaba se colocando na situação de cada uma das vítimas que a gente recebe, né, com essa onda de violência que a gente vive atualmente o número de pessoas feridas tem aumentado, então a gente procura fazer o máximo o nosso papel, obviamente quando tem um tiro que transfixa o tórax de um adulto já é um quadro grave, imagina em um bebê de 39 semanas", disse.

Arthur era filho de Claudineia dos Santos Melo, que estava grávida de 39 semanas. Ela foi baleada indo ao mercado quando foi atingida na pelve.

A bala atravessou o tórax da criança e também atingiu parte da orelha, de acordo com boletim da Secretaria de Saúde de Duque de Caxias.

Lúcida, Claudineia foi levada ao Hospital Moacyr do Carmo e foi levada para o centro cirúrgico, onde os médicos fizeram o parto. Logo após nascer, a criança foi entubada e levada para a UTI da unidade e diagnosticada com pneumotórax bilateral. Depois de novos exames, os médicos identificaram fragmentos ósseos no canal medular dorsal.Depois do primeiro atendimento, o bebê foi levado para o Hospital Adão Pereira Nunes, em Saracuruna, também na Baixada, para ser acompanhado por uma equipe de neurologia e outras especialidades. Autoridades médicas chegaram a dizer que a criança já estaria paraplégica, mas depois afirmaram que ele ainda tinha chances de recuperação.

A 59ºDP (Duque de Caxias) está investigando o caso. Dois policiais militares prestaram depoimento. Eles disseram que estavam saindo da comunidade quando foram atacados a tiros. Eles contaram que não revidaram e, quando constataram que a gestante havia sido atingida, a levaram para o hospital. A delegacia também fez uma reprodução simulada do caso na Favela do Lixão. A hipótese principal é que o tiro tenha partido de traficantes.

FONTE:http://g1.globo.com

 

 
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