Para Obama, tema depende em parte de conversas sobre direitos humanos.
Obama é primeiro presidente americano a visitar Cuba em 88 anos.
O presidente cubano Raúl Castro voltou a pedir levantamento do embargo econômico imposto à Cuba durante reunião histórica com o presidente americano Barack Obama no Palácio da Revolução, em Havana. Obama, que defende o fim das restrições, disse que isso depende em parte de conversas sobre os direitos humanos dentro de Cuba.
Após o encontro, durante coletiva de imprensa conjunta, Castro saudou as inicitaivas tomadas até agora para a normalização das relações entre os dois países, mas disse que elas não são "suficientes". Segundo ele, o embargo econômico vigente desde 1962 e a presença americana na Baía de Guantánamo continuam sendo "obstáculos" para a normalização das relações entre EUA e Cuba.
"Reconhecemos a posição do Obama e de seu governo ante o bloqueio e seus reiterados pedidos ao Congresso para que o elimine. As últimas medidas (de alívio ao embargo, decididas por Obama) são positivas, mas não suficientes", acrescentou.
O fim do embargo, que depende do Congresso norte-americano, já foi defendido tanto por Castro como por Obama desde que os dois países anunciaram a reaproximação.
Na entrevista desta segunda, Obama disse acreditar que o Congresso tem "crescente interesse" ao fim do embargo e que dois fatores podem acelerar o processo de levantamento: as vantagens que virão das mudanças feitas até agora e a discussão sobre os direitos humanos na ilha.
Segundo Obama, as "sérias discordâncias" sobre direitos humanos e democracia são um "impedimento" para o fortalecimento dos laços entre os dois países.
O presidente americano disse que os EUA estão sendo "agressivos" em exercer flexibilidade nas relações com Cuba, uma vez que a lei sobre o embargo à ilha ainda não foi abolida pelo Congresso.
"O embargo vai acabar. Quando, não estou inteiramente certo. Mas acredito que ele vai acabar e o caminho no qual estamos vai continuar além da minha administração", disse Obama, que encerra seu mandato no fim, deste ano.
No entanto, Castro disse que não é correto "politizar" o tema dos direitos humanos e que "nenhum país do mundo" preenche todos os requisitos internacionais para os direitos humanos.
'Respeitar as diferenças'
Ao começar a falar aos jornalistas, Castro disse estar satisfeito com a visita de Obama a Cuba, lembrando que ele é o primeiro presidente americano a visitar a ilha em 88 anos.
Castro falou sobre uma nova relação entre Cuba e Estados Unidos que não seja centrada nas profundas diferenças que seus países mantiveram durante décadas, e que é preciso "construir pontes" entre os dois países.
"Devemos aceitar e respeitar as diferenças e não fazer delas o centro da nossa relação, e sim promover vínculos que privilegiem o benefício de ambos países e povos", afirmou Castro ao término da reunião com Obama em Havana.
"Hoje é um novo dia [na relação] entre os nossos países", disse Obama, que disse esperar que espera que esta visita marque um "novo capítulo" nas relações entre os dois países.
Cooperações
Os presidentes anunciaram que concordaram em aprofundar a cooperação entre os dois países em agricultura, em saúde - para a proteção contra o zika e pesquisa sobre o câncer -, proteção ambiental e segurança regional. Obama também disse que os líderes concordaram em conversar sobre os direitos humanos em Cuba neste ano.
Do: G1 em São Paulo.