'Pedi que ela deixasse para repor', diz professora que impediu policial de fazer prova na UEPB
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Publicado em 01/11/2017

Policial estava fardada e armada na sala de aula, em Guarabira. Coordenador do curso disse que policiais queriam ouvir professora, o que não é atribuição da PM.

Não houve constrangimento, não pedi para ela tirar farda, não fiz nada disso. [...] apenas pedi que ela deixasse a prova para repor, já que ela estava de serviço”, afirmou nesta quarta-feira (1º) a professora envolvida no caso da policial militar impedida de realizar uma prova no Campus V da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em Guarabira, na terça-feira (31).

Dias antes, no mesmo campus, outro caso envolvendo um policial, uma estudante e um professor levou a Polícia Militar a instaurar um procedimento administrativo. Segundo relato do professor, na quinta-feira (26) um policial militar tentou prender a estudante que estava escrevendo mensagens em uma parede destinada à livre expressão de opinião e manifestação cultural e artística.

Nesta quarta-feira, à reportagem da TV Cabo Branco, a professora que não quis se identificar (assim como a policial), continua: “em momento algum pedi que ela se desarmasse. Depois ela [a aluna] disse que não tinha como fazer a prova na terça-feira porque tinha um compromisso e que eu [a professora] estava a prejudicando. Foi quando ela saiu e me deixou falando só”.

 

A proibição da manutenção da aluna fardada e armada em classe gerou uma discussão e outros policiais militares, que também estudam na UEPB, tentaram entrar na sala “para conversar com a professora”, mas foram impedidos pelo coordenador do curso, Agassiz Almeida Filho.Segundo Agassiz, os policiais só poderiam entrar na instituição a convite ou solicitação da administração, para cumprir mandado judicial ou se houvesse algum crime. “O que aconteceu de mais grave é que a PM, sem orientação do comando do batalhão, mas indivíduos isolados, queriam entrar de qualquer modo no campus para ouvir a professora”, informou.

“Não é atribuição da Polícia Militar ouvir ninguém, mas sim da [Polícia] Civil. Eles conversaram de forma educada, mas discutiram comigo. Foram momentos de profundo constrangimento. Eu não sei se queriam prender a professora, mas queriam conversar com ela”, afirmou o coordenador.

 

“Tiveram momentos de tensão. Foram mencionados elementos como ‘você está cometendo crime de desobediência pois não a deixa entrar’ ou ‘a professora está praticando crime de constrangimento ilegal’, o que nunca aconteceu” falou Almeida.

 

O Procurador-geral da UEPB, Ebenezer Pernambucano, informou que agora é momento de apurar. “Não estamos aqui para dizer quem tem culpa. [...] Mas acreditamos que deve-se ter bom senso. Acho que numa sala de aula não é ambiente para se estar portando ostensivamente uma arma”, concluiu.O comandante do 4º Batalhão da Polícia Militar de Guarabira, tenente-coronel Gilberto Felipe da Silva, informou à TV Cabo Branco que vai abrir um inquérito administrativo para apurar a atitude de alguns policiais que foram ao campus para tentar defender a policial militar.

Policial estudante da UEPB vê ato arbitrário

 

Também estudante de direito da UEPB em Guarabira, o policial militar Marlon Freire conta que não é a primeira vez que a professora age contra um policial em sala. “Já teve um caso anterior em que ela proibiu um policial fardado de estar em sala de aula. Isso é completamente arbitrário e sem previsão legal”, afirmou Marlon.

Tentativa de prisão de estudante e professor da UEPB

 

Segundo o comandante do 4º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Gilberto da Silva, a Corregedoria vai “apurar toda a extensão do episódio narrado”.

O professor Waldeci relatou que, na ocasião, um policial militar, lotado no 4º BPM, tentou prender em flagrante uma estudante do curso de Letras que estava escrevendo mensagens em uma parede destinada à livre expressão de opinião e manifestação cultural e artística.

O argumento do policial, conforme explicou o professor, foi de que a aluna estava depredando o patrimônio público. Porém, o diretor do CH explicou que aquele espaço havia sido reservado àquele fim em consenso, após reivindicação da comunidade acadêmica.

Por defender a atitude a aluna, o professor também recebeu voz de prisão - sob o argumento de que ele estaria incentivando a depredação do patrimônio público.

FONTE:https://g1.globo.com

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