Três estabelecimentos onde funcionavam 'escritórios' de casas de jogos de azar foram desarticulados durante uma operação que investiga uma organização criminosa especializada em lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e crimes contra a administração pública relativas ao jogo do bicho, deflagrada na madrugada desta sexta-feira (15) no Centro de João Pessoa. De acordo com a Polícia Civil, apesar da investigação ser sigilosa, há indícios de que os investigados sabiam da operação e fugiram do local levando materiais que seriam apreendidos na operação.
“Durante a investigação, levantamos três endereços que funcionavam como ‘escritório’ da organização, todos no Centro de João Pessoa. Assim que os mandados de busca e apreensão foram expedidos, no final da tarde da quinta-feira (14), nos organizamos e conseguimos deflagrar a ação na madrugada desta sexta”, explica o delegado Lucas Sá, titular da Delegacia de Defraudações e Falsificações de João Pessoa.
Ainda de acordo com Lucas Sá, ao chegar no local, um prédio de três andares onde supostamente era guardada a contabilidade e os documentos da organização, os policiais encontraram o local revirado e com sinais de que foi abandonado recentemente.
“Os móveis estão intactos, mas as gavetas estavam abertas, as cadeiras mexidas e vários objetos pessoais e até mesmo bebidas alcóolicas e comidas ficaram no local. Também identificamos que vários documentos, computadores e até mesmo o equipamento onde ficavam os registros das imagens do circuito interno do local foram levados”, disse o delegado.
“Não sabemos como a informação da operação pode ter chegado a conhecimento deles, porque é um inquérito sigiloso, mas vamos apurar esta questão”.
Segundo Lucas Sá, advogados dos investigados foram até a delegacia, antes da deflagração da operação e procuraram informações sobre possível investigação. "A resposta que foi dada a eles foi de que era um inquérito sigiloso e que eles não poderiam ter acesso na delegacia, só na Justiça que eles poderiam ter qualquer informação. Não sabemos como eles descobriram sobre a investigação mesmo tudo correndo sob sigilo", explicou.
Denominada “Operação Erga Omnes”, em referência à expressão jurídica usada para indicar que a lei deve valer para toda as pessoas, a investigação da organização começou há quatro meses, após uma requisição do Ministério Público da Paraíba (MPPB).
A lei tipifica o jogo do bicho como contravenção penal, uma vez que os apostadores são induzidos e mantidos em erro, acreditando em falsas promessas de retorno financeiro, que são concretizadas apenas para os proprietários das bancas de apostas.
“O que a gente objetiva agora nas próximas fases da operação é identificar todas as pessoas, todos os beneficiados que participaram nessa conduta criminosa, e indiciar todo mundo, de forma também a fazer com oque os valores potencialmente desviados retornem aos cofres públicos”, explicou Lucas Sá.
A polícia também investiga a participação de policiais atuando como seguranças da organização. "Há suspeita de possível pagamento de propina aos policiais para fazer a proteção do local e estamos apurando", completou o delegado.
Fonte:https://g1.globo.com