Casal suspeito de agiotagem está foragido desde outubro, contratou pistoleiros para ameaçar vítimas e delegados e teve R$ 2 milhões apreendidos; advogado facilitou fuga, diz polícia.
Um casal foragido da Justiça suspeito de agiotagem, que teve quase R$ 2 milhões apreendidos em flagrante na Região Metropolitana de João Pessoa em agosto de 2017, contratou pistoleiros para matar as vítimas e ameaçou os policiais civis da Delegacia de Defraudações e Falsificações da capital, segundo informou o delegado Lucas Sá nesta sexta-feira (9).
Ele disse que uma das vítimas foi na quinta-feira (8) denunciar duas tentativas de homicídio que ela sofreu nos últimos 15 dias. Quanto a ameaça que Lucas Sá e o seu colega sofreram, o delegado conta que o antigo advogado do casal, Sandra Helena Fonsêca Cavalcanti e Antônio Augusto Trajano, procurou a DDF para relatar as intenções dos foragidos.
“O advogado foi substituído durante o processo e, como ele tinha informações privilegiadas, procurou a delegacia voluntariamente e se dispôs a relatar tudo o que sabia. A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) assegura a confidencialidade da relação advogado-cliente, salvo quando há vidas ameaçadas”, contou o delegado.
Lucas Sá disse que o relato do antigo advogado vai ser incluído ao inquérito e que agora Sandra e Antônio respondem por agiotagem, estelionato, ameaça, coação no curso do processo e lavagem de dinheiro. O casal está foragido desde outubro de 2017 quando um mandado de prisão foi expedido pela Justiça.
“Antes da Justiça expedir o mandado de prisão preventiva, o atual advogado deles foi até a 6ª Vara Criminal em João Pessoa e convenceu a assessora do local a ver o processo antes da expedição. Com isso ele soube que os clientes iam ser presos e conseguiu fazer com que eles fugissem antes mesmo do mandado de prisão, atrapalhando a eficácia do pedido”, lembrou Lucas Sá.
Foram pelo menos 10 vítimas, onde algumas delas já foram até agredidos pelos suspeitos, disse a DDF. Ainda foi informado que Sandra Helena respondia por um homicídio em Bayeux, Região Metropolitana de João Pessoa, mas, por falta de provas e pela demora no julgamento, o caso foi arquivado.
Vítimas ainda disseram que em certos momentos eles tinham o dinheiro para quitar as dívidas com os agiotas mas os suspeitos não permitiam que os “clientes” pagassem. “Assim eles continuavam recebendo o juro. Uma vez eles até tomaram a empresa de uma vítima”, informou o delegado.
Um depósito com cheques, documentos, placas de carro e dinheiro foi encontrado em João Pessoa na quinta-feira, 17 de agosto, pela Polícia Civil da Paraíba em investigação do delegado João Ricardo. De acordo com a polícia, foram encontrados quase R$ 2 milhões em 250 cheques e notas promissórias e R$ 50 mil em espécie, além de cerca de 500 dólares.