“O proprietário da instalação é que é responsável”, afirmou Barata, sobre a falha identificada no sistema e que provocou o blecaute. No caso, o proprietário da Linha Xingu-Estreito é Belo Monte Transmissão de Energia (BMTE), que poderá ser responsabilizada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).O G1 procurou a BMTE e aguarda posicionamento.
Segundo Barata, o ajuste de segurança aplicado naquela linha foi indevido porque foi programado para uma frequência inferior à comportada por aquela linha de transmissão. Ao interromper a transmissão da linha, gerou um efeito cascata desligando outras linhas e usinas geradoras de energia, inclusive térmicas e eólicas.
“Esse disjuntor atuou interrompendo o fluxo da potência, separando os sistemas. Então, o Norte ficou com excesso de geração, e o Nordeste e o resto do sistema ficaram com falta de geração ao excesso de carga. Essa é a origem de todo o distúrbio que nós tivemos”, explicou.
A falha interrompeu o fornecimento de energia elétrica em municípios 14 estados do Norte e do Nordeste. Foram ele Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rondônia, Sergipe e Tocantins.
Como o sistema nacional é interligado, as outras três regiões do país também tiveram reflexos da falha. Houve queda de energia pontual em alguns municípios de 8 estados (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal) e no Distrito Federal. O ONS calcula que cerca de 70 milhões de pessoas foram afetadas.
Apagão no Norte e no Nordeste do país (Foto: Alexandre Mauro/G1)
Relatório final em 15 dias
Barata explicou que o relatório final de avaliação das causas do apagão deverá ser encaminhado em até 15 dias à agência reguladora.
Questionado sobre o grau de gravidade da falha, o diretor-geral do ONS se eximiu de classificar. “A modulação da gravidade é o regulador [Aneel] que vai estabelecer”, disse. Ele ressalvou, no entanto, “que se nós [ONS] tivéssemos sido informados [do ajuste de segurança], talvez isso não tivesse ocorrido”.
Barata descartou a possibilidade de que nova falha semelhante ocorra no sistema, classificado por ele como “robusto”.
“[Chance de apagão] igual a esse, eu acho zero. Agora, não me peça para dizer que não vai acontecer outra coisa”, ponderou.
FONTE:https://g1.globo.com