Interdições nas rodovias da Paraíba acontecem desde a segunda-feira (21) por causa de alta no preço dos combustíveis.
A paralisação dos caminhoneiros começou na segunda-feira (21) em rodovias da Paraíba contra os altos preços dos combustíveis. A greve é uma mobilização nacional, que fez parar quase todo o país. Muitos serviços, como transporte coletivo e abastecimento de combustíveis e alimentos foram afetados durante toda a semana. O presidente Michel Temer, no início da tarde da sexta-feira (25), acionou as forças federais para desbloquear as estradas. Na Paraíba, muitos postos de gasolina estavam fechados sem combustíveis porque os caminhões que fazem o abastecimento estão em greve no Porto de Cabedelo, na Grande João Pessoa.
Entenda como essa greve dos caminhoneiros paralisou muitos serviços da Paraíba e fez faltar gasolina, comida e até aulas foram suspensas.
Como começou a paralisação de caminhoneiros e por quê?
A greve dos caminhoneiros começou na Paraíba e m vários estaodos do país na última segunda-feira (21). Os manifestantes interditaram parcialmente as rodovias contra a alta no preço do diesel. Em todas as interdições que aconteceram durante a semana, as rodovia estavam sendo liberadas apenas para os carros de passeio, enquanto os caminhões estão sendo proibidos de ultrapassarem o bloqueio.
De acordo com os caminhoneiros, a categoria também reivindica o aumento no valor do frete, melhorias nas condições de trabalho e a extinção do pedágio nas rodovias estaduais.
Últimos pontos de interdição
- BR-230 (km 3), em Cabedelo
- BR-101 (km 89), em João Pessoa
- BR-230 (km 403), em Pombal
- BR-230 (km 35), em Bayeux
- BR-230 (km 153), em Campina Grande
- BR-230 (km 143), em Campina Grande
- BR-230 (km 165), em Campina Grande
- BR-230 (km 146), em Campina Grande
- BR-230, na entrada da cidade de Patos
- BR-230 (km 213), em Soledade, no Cariri
- BR-230 (km 119), em Riachão de Bacamarte
- BR-230 (km 123), em Riachão de Bacamarte
- BR-412 (km 18), em Boa Vista, no Agreste
- BR-412 (km 145), em Monteiro, no Cariri
- BR-104 (km 118), em Lagoa Seca, no Agreste
- BR-412, em Serra Branca, no Cariri
- BR-412, em Sumé, no Cariri
- BR-412, em Monteiro, no Cariri
Liminar proibiu bloqueio
Uma liminar determinou que os manifestantes se abstenham de ocupar, obstruir ou dificultar a passagem de veículos em rodovias federais no estado foi concedida neste domingo (20) pelo juiz federal Emiliano Zapata, da Seção Judiciária da Paraíba. A pena cabe uma multa de R$ 200 mil aos sindicatos e R$ 20 mil por pessoa que esteja participando da interdição.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal da Paraíba (PRF), as multas por conta dos bloqueios estão sendo registradas. A PRF explicou que informa aos manifestantes sobre a existência da liminar e que há um descumprimento. Por fim, tenta identificar quem são os líderes do movimento e se há vinculação com as entidades que estão presentes na liminar. No entanto, um relatório da PRF só será entregue à Justiça no fim do protesto.
Falta de combustível
Foi no 3º dia de paralisação que os reflexos da greve começaram a surgir. Como os caminhões que abastecem os postos de gasolina estavam parados no Porto de Cabedelo, na Grande João Pessoa, aderindo ao proposto, a gasolina começou a faltar.
- Na terça-feira (22), quase 90 postos de combustíveis aumentaram o preço do litro da gasolina, segundo a Secretaria Municipal de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-JP).
- Até o quarto dia de paralisação (24), dos 102 postos existentes em João Pessoa, 19,6% não têm nenhum combustível, de acordo com o Procon-JP.
- Na quinta-feira (24), 75 postos de combustíveis notificados por suspeita de aumento abusivo no preço, segundo a Secom-JP. Os donos dos estabelecimentos vão ter que apresentar a planilha de gastos, com as notas fiscais, para justificar a alta nos preços.
- Na quinta-feira, pelo menos 30% da frota de caminhões que transportam combustíveis foram liberados da paralisação com destino aos serviços essenciais de toda a Paraíba. A liberação permaneceu na sexta-feira (25).
- Ainda na quinta-feira (24), faltou gasolina em todos os 56 postos de Campina Grande.
- Na sexta-feira (25), os postos de Campina Grande começaram a ser reabastecidos com os caminhões que saíram do Porto de Cabedelo.
- Em João Pessoa e Campina Grande, as filas nos postos de gasolina cresceram na quarta, quinta e sexta-feira. A falta de gasolina deixou o fluxo tranquilo nas cidades.
- Sem combustíveis em postos, algumas pessoas começaram a vender gasolina na internet. As postagens começaram nesta quinta-feira (24), 4º dia de greve dos caminhoneiros que interdita rodovias no Brasil. Em um dos anúncios, um internauta vende 5 litros de gasolina aditivada por R$ 35 à vista ou R$ 40 no cartão.
Redução na frota de ônibus
As frotas de ônibus de João Pessoa e Campina Grande comaçaram a ser reduzidas no 3º dia de paralisação, na quarta-feira (25). O motivo foi a falta de combustível, que também afetou as empresas de transporte coletivos.
- Na quarta-feira, em João Pessoa, a frota foi reduzida a 75% e permaneceu dessa forma até a sexta-feira circulando com o equivalente ao número de ônibus que atende aos passageiros nos sábados.
- Em Campina Grande, a redução foi de 40% da frota, circulando 60%, desde a quarta-feira até a sexta-feira.
- No município de Sousa, a circulação dos ônibus parou na quinta-feira (24), e só deve voltar oa normal quando a situação dos combustíveis se normalizar. Na cidade, são seis ônibus para atender pelo menos dois mil usuários do transporte coletivo.
- Na sexta-feira, os trabalhadores amanheceram com poucos ônibus circulando em João Pessoa. Motoristas de transportes escolares e motoboys fecharam a garagem da empresa Transnacional, no bairro de Água Fria.
Falta de alimentos
No quarto dia de paralisação, na quinta-feira (24), as feiras e supermercados começaram a sentir o reflexo da greve dos caminhoneiros, já que os caminhões de carga estão parados nas rodovias ou sem combustíveis.
- Na Empresa Brasileira de Abastecimento de Serviços Agrícolas (Empasa), em João Pessoa, Campina Grande e Patos, os comerciantes estão trabalhando com o que ainda têm no estoque.
- Da noite de quinta-feira para a manhã desta sexta-feira, nenhum caminhão chegou nos três polos.
- Em João Pessoa, em dias normais, até a quinta-feira a previsão é de um fluxo de 120 caminhões por dia, mas durante a greve, cerca de trinta veículos chegaram na Empasa para abastecimentos.
- Em Campina Grande, o normal é que o fluxo de caminhões fique dentro de uma variação de 150 a 170 veículos por dia, mas da quarta para a quinta-feira, apenas seis caminhões entraram no local.
- Os setores de hortifruti dos supermercados já foram prejudicados. Faltam batata, cebola, chucu, couve-flor, cenoura e tomate, o que, naturalmente, provoca uma alta nos preços dos supermercados. O estoque de alimentos não perecíveis deve durar, em média, oito dias nos supermercados.
- O setor de açougue dos supermercados pode ser afetado na segunda-feira (28) caso a paralisação continue.
Desabastecimento de gás de cozinha
Na sexta-feira, a falta de caminhões de transporte já afetava o fornecimento de botijões de gás na Paraíba. Faltava botijão de gás de cozinha em cerca de 95% dos pontos de venda do estado, segundo o presidente da Sindicato dos Revendedores da Gás da Paraíba (Sinregás-PB), Marcos Antonio Bezerra.
Restrições de aulas e atividades
A Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Univerisdade Federal da Paraíba (UFPB), Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB) apresentaram restrições de aulas e atividades na quinta-feira (24) e sexta-feira (25). Algumas instituições decretaram as aulas suspensas e outras orientaram os professores a não computarem as faltas dos alunos.
Infraero monitora voos
Na quinta-feira (24), todos os voos que estavam marcados no aeroporto João Suassuna, em Campina Grande, tanto de chegada como de partida, foram cancelados. Uma das empresas disse que o cancelamento foi por falta de combustível.
A Infraero monitora o abastecimento de querosene de aviação por parte dos fornecedores que atuam nos terminais e já alertou aos operadores de aeronaves que avaliem seus planejamentos de voos para que cada um possa definir sua melhor estratégia de abastecimento de acordo com o estoque disponível na origem e destino do voo.
Aos passageiros, a Infraero recomenda que procurem suas companhias para consultar a situação de seus voos. Aos operadores de aeronaves, a empresa orienta que façam a consulta sobre a disponibilidade de combustível na origem e no destino do voo programado.
Boatos desmentidos
Abastecimento de energia elétrica: A Energisa, concessionária de energia elétrica na Paraíba, informou por meio de sua assessoria que está descartada a suspensão do abastecimento de energia em decorrência da greve dos caminhoneiros. A Chesf informou que o fornecimento de energia na Paraíba é feito a partir das hidroelétricas e que neste momento é descartada qualquer falta de energia na região. Ainda de acordo com a Energisa, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) também não emitiu nenhum alerta a respeito da falta de energia.Falta d'água: A paralisação dos caminhoneiros não afetou o abastecimento de água, de acordo com a Companhia de Águas e Esgotos da Paraíba (Cagepa). A assessoria da Cagepa explicou que a companhia tem um estoque considerável dos produtos químicos necessários para o tratamento da água. O material estocado garante o abastecimento de água da Grande João Pessoa por pelo menos uma semana. Um levantamento está sendo feito pela Cagepa para determinar com exatidão o estoque de produtos químicos.
HU suspende cirurgias
Na quinta-feira (24), o Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), suspendeu todas as cirurgias eletivas marcadas para a sexta-feira (25), em João Pessoa. As cirurgias de urgência e emergência foram mantidas. “Como as estradas em alguns locais estão interrompidos, isso está dificultando a chegada de profissionais no Hospital Universitário, já que nós temos profissionais de outros estados, de outras cidades próximas a João Pessoa”, afirmou o gerente de Ensino e Pesquisa do HU, Ângelo Melo.
Outras categorias aderiram
Motoristas de aplicativo de transporte particular de passageiros e motoristas de transporte escolar também aderiram ao movimento, contra o aumento no preço dos combustíveis. Na quarta-feira (23), motoristas de Uber bloquearam vias de João Pessoa, como a BR-230, em frente ao Unipê, e a principal dos Bancários.
Fonte:https://g1.globo.com