“Para que eu não tivesse como me mexer, e falava para eu não gritar. Ele falou que era coisa de amigo, que eu não contasse a ninguém, que aquele era nosso segredo e que ninguém precisava saber o que eu tinha feito. Como se a culpa do que eu tinha acontecido fosse minha e eu cresci achando que eu era culpado. No período de dois anos, aconteceram cerca de seis vezes”, conta.
O monsenhor Ednaldo Araújo dos Santos, também citado na reportagem do fantástico, foi denunciado em um novo depoimento. Um homem, que também preferiu não se identificar, contou que teria sido abusado pelo então padre Ednaldo quando tinha 17 anos. O crime teria acontecido em um seminário na cidade de Cajazeiras, no Sertão.
O homem disse que em um primeiro momento ficou sem ação, mas depois reagiu.
“Fiquei totalmente paralisado. Eu tinha que fazer alguma coisa porque se não iria ser algo pior e daí foi quando eu tomei atitude e falei para ele que estava indo embora. Eu saí daquele quarto muito traumatizado. Até hoje isso é muito vivo. É uma ferida que não cria casca”, diz a vítima.O padre Rui Braga se pronunciou na terça-feira (22) por meio das redes sociais. Em uma postagem, ele diz que o conteúdo da reportagem foi algo "requentado no calor de um ódio sem precedente". "Sinto que não se trata de um zelo pela justiça, mas creio que passa pela esfera do pessoal", disse. Ele ainda afirmou que as denúncia foram arquivadas e que se as palavras ditas pelas vítima fossem verdade, elas não teriam escondido o rosto.
Em nota, a Arquidiocese da Paraíba disse que “não tem como se pronunciar sobre casos que não sejam de seu conhecimento formal” e que “repudia qualquer comportamento que atente contra a dignidade da pessoa humana, e que os casos que chegam ao seu conhecimento são investigados”.
A reportagem da TV Cabo Branco tentou entrar em contato com monsenhor Ednaldo, mas as ligações não foram atendidas até as 12h (horário local).Em novembro de 2017, o caso foi arquivado na Justiça comum uma vez que o Ministério Público da Paraíba (MPPB) considerou que os crimes já tinham prescrito, ou seja, pela lei, eram antigos, e não podiam mais ser julgados.
O procurador estadual Francisco Sagres Vieira afirmou que tinha convicção de que o crime aconteceu, de que “os fatos se verificaram, tinha motivo suficiente para promoção da denúncia crime”. Porém, estava de “mãos atadas porque havia prescrição”.Mas na Justiça do Trabalho houve condenação, por exploração sexual. Indenização de R$ 12 milhões, R$ 1 milhão para cada ano de dom Aldo Pagotto à frente da Arquidiocese. O dinheiro deve ter uso social.
O procurador do Trabalho Eduardo Varandas explicou que as novas vítimas vão ser ouvidas em breve e o vai analisar se pede a reabertura da investigação criminal no Ministério Público da Paraíba (MPPB).
FONTE:https://g1.globo.com