Aos 20 anos, gaúcho atua na equipe paulista Pain Gaming e é atualmente o jogador com a multa rescisória mais alta do game no país.
Chutar, arremessar, cortar, correr, saltar, lutar... Nenhum destes verbos Gabriel "KamiKat" Bohm conjuga. Aliás, a ação que talvez resuma todo seu sucesso seja "farmar" - ato de abater os adversários. Pode até parecer estranho, mas o gaúcho de apenas 20 anos é um esportista - ou ciberatleta - brasileiro com fama internacional. E não só isso: ele também é o mais caro jogador de League of Legends do país. Custa R$ 1 milhão - valor da multa rescisória para tirá-lo da Pain Gaming. Com milhares de fãs e até marca de roupa própria, Kami tem rendimentos que superam a marca de R$ 20 mil por mês.
A história do filho único Gabriel "Kami" com os games começa logo aos 3 anos, ainda em Pelotas, no Rio Grande do Sul, cidade natal do gamer. Era sua idade quando ganhou o primeiro jogo portátil da mãe, Sandra Bohm. Entretanto, junto com o "brinquedo" que mudaria sua vida vieram tempos turbulentos. Separada do pai de Gabriel e demitida do emprego que mantinha como técnica em manutenção de computadores, Sandra e o pequeno Kami foram obrigados a se mudar para Florianópolis no ano seguinte. Sozinhos.
Kami seguiu com a sua predileção por jogos. Eles eram seus companheiros fiéis. Seja na escola, em casa e até na praia - a mãe era frequentadora assídua. A diversão parecia não bastar para Kami, que foi adicionando aos
poucos um outro componente à sua paixão: as competições. O xadrez foi o primeiro palco. Mas era só um passatempo. O que seduzia mesmo o jovem eram os jogos eletrônicos.
Medo da violência urbana é divisor de águas
Kami teve que amadurecer cedo. Perto dos 10 anos de idade, viu a mãe enfrentar uma nova separação e passar num concurso público para agente prisional no estado. O turno durava 24h. Rotina cruel que obrigava ao pequeno Gabriel a ter que dormir sozinho na maioria das noites. Cruel? Só para Sandra. O garoto passou a virar madrugada na companhia dos games, personagens fantásticos e amigos virtuais. A mãe, por sua vez, patrocinava comprando os aparatos eletrônicos. Era um plano. Os jogos cumpriam o objetivo de manter o garoto em casa. Sandra tinha pavor da violência urbana.
- Ele passava muitas horas jogando. Eu ficava questionando o rendimento na escola. Mas ele conseguia fazer tudo. Era muito inteligente e cumpria os nossos acordos, principalmente com matemática. Eu também patrocinava esses jogos. Eu precisava dele em casa. Eu tinha medo da violência da cidade grande - disse Sandra.
As horas em frente ao computador ia aumentando gradativamente. Os picos chegavam a 10h quase ininterruptas. Antes companhia fácil da mãe nas saídas, Gabriel passou a preferir somente a companhia da sua paixão virtual. Aquele era o mundo dele.
- Foi a época que eu comecei a jogar mais online. Eu tinha amizades online. Tinha mais amigos online até. E não acho que isso seja um problema. Eu jogava umas 10h, até mais do que agora que sou profissional - contou Kami.
Gabriel "KamiKat" Bohm é uma prova da magnitude dos jogos eletrônicos atualmente no Brasil e no mundo. Estaria o monopólio da bola ameaçado no país do futebol?
Rádio Caruá Fm
Com: Sportv