Já em relação aos policiais civis e militares da ativa que morreram no ano passado no país, a maior parte estava fora de serviço no momento da morte (cerca de 70% do total).
A queda de oficiais vitimados em relação a 2018 é substancial: mais de 50%.
Os estados com a maior taxa de policiais mortos são Rio Grande do Norte e Tocantins: 1,3 vítimas a cada mil oficiais.
O governo do Tocantins afirma que, apesar da alta taxa, o número bruto é muito pequeno – são sete policiais mortos no ano passado. "A Secretaria da Segurança Pública ressalta que o governo vem sistematicamente investindo na melhoria da segurança pública. Além dos investimentos financeiros, o governo implantou em 2019 o Plano Estadual de Segurança Pública e Defesa Social (PESSE). Por meio dele, diversas ações têm sido executadas para melhorar a qualificação do efetivo policial no estado, combater a criminalidade e gerar maior sensação de segurança à população."
Procurado, o governo do Rio Grande do Norte não comenta os dados.
No Rio de Janeiro, um dos estados com o maior número absoluto de policiais mortos (33), não faltam histórias dramáticas de oficiais que perderam a vida.
Uma das vítimas é o PM Carlos Sá Freire, de 39 anos. Ele estava em operação contra o tráfico de drogas quando foi atingido por um tiro na cabeça no bairro Retiro, em Volta Redonda, no Sul do Rio de Janeiro.Segundo a PM, ele e outros agentes foram verificar uma denúncia de que havia homens armados na Rua Maria Cecília. No momento em que se preparavam para ir embora, pois não tinham achado ninguém, foram surpreendidos por um homem que saiu de um matagal atirando.
A irmã do policial, Sandra Almada da Silva, conta que ele tinha se formado em odontologia um ano antes, mas que sempre adiou a saída da Polícia Militar.
"A família todinha estava pedindo que ele abandonasse a carreira de militar", conta a irmã de Carlos. "Mas aí começou a fazer curso, e aí enrolando e acabou que ficou na polícia. Era a paixão dele."
O levantamento do G1 durou mais de dois meses para ser concluído. Os dados foram solicitados via Lei de Acesso à Informação (sob a mesma metodologia utilizada nos anuários do Fórum Brasileiro de Segurança Pública) e também foram pedidos às assessorias de imprensa das secretarias da Segurança. O resultado: demora nas informações, dados desencontrados e números incompletos, assim como nos outros anos.
Além disso, ainda há ausência de padronização. Estados como Bahia, Maranhão, Rio de Janeiro e Sergipe, por exemplo, não possuem os dados de morte separados por policiais em serviço e fora de serviço.
Apenas um estado não informa nenhum dado sequer: Goiás. Já é a terceira vez que o governo se recusa a divulgar informações públicas para um levantamento nacional do Monitor da Violência.
Participaram desta etapa do projeto:
Dados e edição: Clara Velasco, Felipe Grandin e Thiago Reis
Roteiro (vídeo): Felipe Grandin e Thiago Reis
Edição (vídeo): Henrique Pinheiro
Edição (infografia): Guilherme Gomes
Design: Nikolas Espíndola e Wagner Magalhães