Apenas 23 anos e uma bagagem cultural que inclui passagens por 120 países. Um colecionador de estilos de vida. É assim que o viajante russo Yasik Smirnoff se define. De passagem pelo Acre, ele diz que ainda pretende chegar até a Antártida e que quer ajuda para montar uma clínica gratuita para comunidades indígenas no Amazonas, tudo isso sem tocar em dinheiro diretamente há cinco anos.
Aos 15 anos, Smirnoff conta que deixou a família para cursar faculdade de física. Nessa época, o foco eram aceleradores de partículas e física quântica. “Depois que terminei [a faculdade] decidi viver em outro país para continuar meu caminho na física”, diz.
Yasik diz ser um colecionador de estilos de vida diferentes (Foto: Yasik Smirnoff/Arquivo Pessoal)
Ele então se mudou para a China, algum tempo depois, porém, largou o programa de estudos, casou e montou um negócio em Hong Kong. “Aos 18, eu tinha um estilo de vida bem sucedido. Com aquilo que as pessoas pensam que precisam. Elas querem ter saúde, ser jovens, ter muito dinheiro, ser populares e coisas assim. Depois de um tempo, porém, fiquei muito entediado”, conta.
O russo diz que foi então que percebeu que as coisas mais importantes do mundo são gratuitas. Se separou e começou uma viagem. “Eu ainda tenho que lidar com a gravidade, tenho que comer, dormir, mas a liberdade é muito fácil para mim. Eu acordo toda manhã e faço as coisas que quero fazer. Não o que minha família ou a sociedade querem que eu faça. Essa é a coisa mais importante”, enfatiza.
Para viajar Yasik pede carona, além de trabalhar em troca de abrigo, alimentação e transporte (Foto: Yasik Smirnoff/Arquivo Pessoal)
Jornada
Ele diz que já esteve em cinco continentes e há cinco anos não toca em dinheiro. Para se manter durante as viagens, o russo trabalha em troca de carona, comida e teto. Além de contar eventualmente com a solidariedade das pessoas que encontra durante o percurso.
As pessoas dizem que você precisa de dinheiro, passaporte, disso e daquilo. Só o que precisa é de cérebro"
Yasik Smirnoff
“As pessoas dizem que você precisa de dinheiro, passaporte, disso e daquilo, mas, não verdade não. Só o que se precisa é de cérebro, fazer algo e trabalhar duro”, enfatiza.
Por causa disso, ele já teve experiências como cozinheiro no México, pastor de ovelhas, tratador em um rancho. Além de passar seis meses em um templo budista. Ele conta que durante a jornada se deu conta da importância do respeito próprio.
“A única forma de se construir respeito próprio é ter um desafio na vida. Tomar decisões difíceis, que as pessoas ou você mesmo pensa que são impossíveis. Para quebrar essa linha, penso que a única missão da vida do ser humano é o crescimento pessoal. É ser a cada dia um pouco melhor do que se foi no dia anterior”, defende.