No dia seguinte ao crime, a polícia começou a ouvir o depoimento de todas as pessoas próximas a Pâmela, ou que, de alguma forma, tiveram contato com ela no dia 7 de setembro. "A partir daí, foi possível montar toda a história do dia do crime", contou o delegado.
Segundo a Polícia Civil, a primeira fase da investigação é o "esclarecimento do crime" e já foi realizada, pois não há dúvidas que Pâmela foi vítima de um feminicídio. A segunda fase é a de localização e prisão do suspeito.
No decorrer da investigação surgiu um fato novo. De acordo com o delegado Danilo Charbel, através de documentos e relatos testemunhais, foi constatado que, no dia 12 de fevereiro de 2020, o homem já havia provocado um aborto em Pâmela após agredi-la.
"A vítima estava grávida de três meses, constatada através de exames de sangue. Ela chegou a ter o pré-natal iniciado na cidade onde morava. Nós tivemos conhecimento através das testemunhas, que, no dia 12 de fevereiro deste ano, ela sofreu um aborto". Ainda conforme o delegado Danilo, na ficha de Pâmela, no posto de saúde, consta "um aborto espontâneo", no entanto, as testemunhas informaram que ela havia sido agredida e depois disso teria abortado.
"Nós vamos opinar para o Ministério Público para que a prefeitura de Poço de José de Dantas instaure um inquérito investigativo para apontar o esclarecimento do fato", disse.
Pâmela do Nascimento já era mãe de três filhos. Uma filha mora em São Paulo e os outros dois filhos no Sertão, com ela. Conforme o delegado Danilo, no dia do crime a vítima não tinha nenhum familiar na cidade, pois todos se encontravam em São Paulo.
"Nós sempre buscamos familiares para entendermos fatos anteriores ao crime, mas a mãe e os irmãos dela estavam em outro estado".
'Possessivo, ciumento e de temperamento altamente agressivo'
O delegado Glauber Fontes define o suspeito como “possessivo, ciumento e de temperamento altamente agressivo, que ficou sobejamente demonstrado dos autos”. Para Glauber, o caso de Pâmela é um caso típico de feminicídio.
"Ela foi barbaramente assassinada. Alguns casos de feminicídio trazem certas complexidades, pois as próprias estatísticas criminais indicam que 80% dos crimes comuns são praticados em espaços públicos. Os casos de violência doméstica, no entanto, são praticados em ambientes privados, fechados. O que dificulta o esclarecimento e a investigação", relatou.
Ainda segundo o delegado, nesse caso, apenas o companheiro e ela estavam no momento da situação. É um crime onde não há testemunhas, o que dificultou a investigação.
"A violência doméstica representa uma ideia de retrocesso a qualquer noção de civilidade. É lamentável que em pleno século XXI a gente tenha que se deparar, rotineiramente, com esse tipo de caso", disse Glauber Fontes.
Feminicídio é o assassinato de uma mulher cometido devido ao fato de ela ser mulher ou em decorrência da violência doméstica. Foi inserido no Código Penal como uma qualificação do crime de homicídio em 2015 e é considerado crime hediondo.
Até as 10h04, Hélio José de Almeida Feitosa não havia sido localizado ou preso.
Fonte:https://g1.globo.com