Mas mostrando o resultado da aprovação do mestrado, em cuja seleção tirou nota máxima, conseguiu defender o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) no oitavo período do curso e concluir a graduação.Filho de veterinário e com mãe dona de uma farmácia veterinária, Lucas não poderia crescer querendo outra coisa. Ainda na graduação, ajudava os pais nos fins de semana. Saía de Areia na sexta-feira, ia para Campina Grande estudar inglês e depois partia para Serra Branca. No sábado, trabalhava na farmácia, e no domingo, fazia as cirurgias na clínica veterinária. Quando terminou o terceiro ano do ensino médio, queria seguir o caminho dos pais e tocar o negócio da família. Mas quando conheceu a pesquisa e o magistério, não teve dúvidas do que realmente gostaria de fazer.
'Quero devolver de alguma forma, sendo professor'
Lucas ainda pensou em seguir a carreira dos pais e tocar o negócio da família. Mas quando entrou na universidade e conheceu o mundo da ciência, visualizou um novo caminho. Trabalhou bastante na graduação para fazer um bom currículo acadêmico e foi isso que o colocou no mestrado tão cedo. Em doze meses conseguiu concluir a dissertação na pós-graduação em ciência animal, também no campus da UFPB em Areia.
Foi durante o curso que o pesquisador conseguiu se destacar mais uma vez no universo acadêmico por ter desenvolvido, junto com uma equipe do Laboratório de Histologia Animal da Universidade, um aplicativo – Histologia Fácil –, para o qual foi realizado o depósito de patente pela Agência UFPB de Inovação Tecnológica (Inova), em 2019.Findado o mestrado, conheceu o professor Valdir Braga, atual pró-reitor de Pesquisa (Propesq) da UFPB, e seguiu para João Pessoa onde deu andamento ao doutorado em ciências fisiológicas. Vivendo um passo de cada vez, para se sustentar, Lucas conseguiu um emprego como professor de uma universidade particular. Assim, unia a profissão com a academia e, também em tempo mínimo, terminou o doutorado em 25 meses.
Tudo muito rápido porque Lucas quis agarrar todas as oportunidades que surgiram. O professor Valdir buscou todas as informações necessárias e deixou para Lucas apenas a decisão: fazer um pós-doutorado na Suécia? Sim. O curso é na universidade Karolinska Institutet, com a qual fez parceria durante a pesquisa de doutorado.
Agora, de malas prontas para embarcar, vai com a esposa, Maryanne, e o filho, Artur, de apenas nove meses, para Estocolmo, onde passará pelo menos dois anos, e espera retornar ao Brasil e à universidade onde sua trajetória de sucesso teve início. Mas, dessa vez, como professor.
“Eu nunca visualizei ter que pagar para estudar, sempre visualizei que o governo e o estado faziam isso para mim, e eu sou muito grato. Eu quero devolver isso de alguma forma, sendo professor, devolver todo o investimento que foi feito em mim. Eu sou muito grato por esse investimento e pelo incentivo à educação pública. Falando como pesquisador, são as instituições públicas que dominam as pesquisas no Brasil, pesquisas de ponta e de qualidade. A pandemia serviu também para mostrar a importância do cientista e como a ciência está por trás do avanço da sociedade. É dentro dos muros da universidade que a gente faz isso”, declarou Lucas.
Em isolamento na cidade de Sumé, o pesquisador aguarda apenas a resolução final dos trâmites para seguir para Estocolmo. Passagens compradas, malas prontas, Lucas vai dar mais um passo na sua vida: pós-doutorado fora do país, aos 24 anos, seguindo o rumo que o destino ditou.
FONTE:https://g1.globo.com