Uma pesquisa da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) avaliou os prejuízos que a falta de internet causou na aprendizagem dos alunos de escolas públicas, no ano passado, com a pandemia.
Maria José tem duas filhas em idade escolar. Mas como a internet de casa é limitada, não consegue concluir todas as atividades com as crianças.
A pesquisa mostra que milhões de brasileiros tiveram as mesmas dificuldades das filhas de Maria José. O acesso à internet teve um grau de dificuldade de médio a alto em quase 80% dos municípios pesquisados.
A professora Lúcia Mendonça sabe bem o que é essa dificuldade que os estudantes de escolas públicas enfrentam para aprender. Ela cuida de 12 crianças, vive disso, e duas vezes por semana ela tem que ir até a escola para pegar o material impresso e estudar com a garotada. As orientações dos professores vêm por mensagem de celular.
“As mães saem muito cedo para trabalhar e eu tenho que ir à escola duas vezes na semana buscar o material didático. Eu não tenho computador para assistir eles então eu faço a tarefa didática deles, ajudo eles a fazer todas as tarefas, mas não é a mesma coisa que a escola e nunca vai ser”, disse Lúcia.
Segundo a pesquisa, em 95% dos municípios as escolas públicas se apoiaram nessa dobradinha do material impresso e celular.
Se foi ruim em 2020, como será daqui para frente? O estudo revela que mais da metade das escolas públicas municipais sequer concluíram os protocolos de segurança sanitária para uma eventual volta às aulas; e mais de 70%, ainda não fecharam o plano pedagógico para 2021.
Pedro Silva estuda numa escola municipal em Valparaíso, Goiás. Ele divide um único celular com a irmã para poder estudar.
Os pesquisadores defendem que é urgente a construção de um planejamento para a educação em 2021 sob pena de prejuízos ainda maiores à educação de crianças e adolescentes.
“A falta de planejamento das redes implicará ações que não terão efetividade e isso vai fazer com que se corra o risco de fazer um abre e fecha das escolas que acaba tirando a credibilidade e desencoraja as famílias. É muito importante esse planejamento para que as ações emergenciais sejam realmente emergenciais e não haja essas interrupções e, com isso, garantir que a família também se sinta segura, quando for possível, para enviar seus filhos e aí nós não teremos esse processo de interrupção”, disse Luiz Miguel Martins Garcia, presidente da Undime.
FONTE:https://g1.globo.com