Radiotelescópio que mapeia energia escura do universo na PB deve começar a funcionar ainda em julho
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Publicado em 06/07/2021

Equipamento auxiliar do radiotelescópio BINGO está em fase de testes e pesquisadores apresentaram site do projeto. O BINGO é um projeto coordenado pelo Brasil e com parceria internacional.

O telescópio auxiliar “Uirapuru”, que faz parte do projeto do radiotelescópio BINGO (Baryon Acoustic Oscillations from Integrated Neutral Gas Observations) instalado na Serra do Urubu, na cidade de Aguiar, no Sertão da Paraíba, deve começar a funcionar em julho. Nesta terça-feira (6) o site do projeto foi apresentado oficialmente pelos pesquisadores ao público em geral.

 

Coordenado pelo professor Elcio Abdalla, da Universidade de São Paulo (USP), o BINGO é um projeto liderado pelo Brasil com cooperação internacional, que vai estudar cosmologia e astrofísica, buscando vestígios de matéria e energia que estavam presentes na formação do universo, após o Big-Bang, por meio de ondas de rádio.

“Atualmente a instalação do BINGO está em fase adiantada. Ainda não terminamos apenas porque perdemos tempo precioso com a pandemia. O fato de não estarmos reunidos e de tudo ser resolvido à distância, a falta do material humano para a preparação do terreno, principalmente, atrapalhou. Mas foi preciso, afinal não queríamos pôr em risco a população de Aguiar nem os nossos próprios trabalhadores. Nas próximas semanas vamos estabelecer o primeiro equipamento que vai observar diretamente as rajadas rápidas de raio”, disse Élcio em transmissão pela internet.

O equipamento se trata do telescópio batizado de “Uirapuru”, que é auxiliar do BINGO e uma espécie de protótipo do equipamento que vai estar no radiotelescópio principal. O pesquisador Amilcar Queiroz, da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), explica que o Uirapuru já está em fase de testes na própria universidade.“Nós fizemos o software, uma sala de controle e já ajustamos os receptores. Atualmente, fazemos medidas de teste. O objetivo agora é ver se a gente consegue captar algumas fontes de rádio já conhecidas para ensinar o telescópio a medir as rápidas rajadas de raio, que é o nosso grande objetivo”, disse Queiroz.Quando estiver em funcionamento, o BINGO vai captar radiação emitida por átomos de hidrogênio em um período remoto, quando o cosmo tinha entre 7 e 11 bilhões de anos de idade.

“A principal pergunta científica que nos motivou ao projeto é saber o que significa a chamada parte escura do universo. A parte que vemos corresponde a apenas 5% do universo e é muito pouco. Temos objetos 20 vezes maiores e mais intensos e que nós não compreendemos. Além disso, queremos compreender também a origem das emissões enormes de energias que, inicialmente, pensava-se ser algo terrestre ou um ruído, mas depois verificou-se que era energia vinda do espaço”, explica Elcio Abdalla.

O BINGO consiste de dois pratos gigantes, com cerca de 48 e 32 metros, feitos de grades de metal entrelaçados, chamadas de espelhos. Elas vão coletar e rebater as ondas de rádio. Ao fundo, existem antenas, que são apelidadas de cornetas. Os dados são captados pelos espelhos, traduzidos e tratados pelas cornetas e transmitidos pela internet para os pesquisadores.“Com a conclusão do telescópio auxiliar e o fim da parte estrutural inicial em Aguiar, vamos começar a construção física do radiotelescópico, que deve se iniciar até o final deste ano. Como as cornetas já estão em preparação, devemos ter o projeto testado e em pleno funcionamento provavelmente no segundo semestre de 2022”, completa Elcio.

Por que a Paraíba?

 

Segundo conta o professor Elcio Abdalla, alguns outros locais foram cotados inicialmente para colocar a pesquisa em prática. O Uruguai foi o primeiro a ser descartado. No Brasil, o Rio Grande do Sul, Brasília e Bahia também tiveram suas áreas estudadas para concluir um local fixo. Mas foi a Paraíba o estado que deu mais viabilidade para a pesquisa sair do papel.

“Vimos um céu claro”, destacou o professor. Uma questão importante, já que o trabalho utiliza ondas de rádio e eletromagnéticas. Portanto, o local, com poucas antenas de celulares e circulação de avião, era propício para execução do projeto.

Fonte:https://g1.globo.com

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