PF apreendeu planilhas com doações a mais de 200 políticos de 18 partidos.
Não é possível afirmar se são doações legais ou caixa dois de campanha.
Políticos relacionados em planilhas da construtora Odebrecht como beneficiários de doações de campanha feita pela empreiteira negaram nesta quarta-feira (23) ter recebido recursos ilegalmente.
Pela documentação, não é possível afirmar se são doações legais ou feitas por meio de caixa 2 de campanha eleitoral.
Os documentos foram apreendidos na residência do presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Barbosa da Silva Junior, que foi preso temporariamente na 23ª fase da Operação Lava Jato e liberado posteriormente pela Justiça.
Depois da divulgação pela imprensa nesta quarta, vários dos políticos cujos nomes aparecem nas planilhas se manifestaram:
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados
“Eu só recebo doação de caixa um. Não recebi diretamente da Odebrecht na minha conta, mas, efetivamente, a Odebrecht doou para o PMDB alocado em outras campanhas do PMDB que, provavelmente, parte é meu pedido, sim. É possível, sim. Eu pedi e tem lá claramente... foram várias doações que foram feitas a meu pedido deslocadas do PMDB. Na minha campanha, diretamente, não foi.” (em entrevista)
Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado
"Eu nunca cometi impropriedade. Essas citações, isso do ponto de vista da prova não significa nada, absolutamente nada. Eu sempre me coloquei à disposição, sempre tomei a iniciativa para pedir qualquer investigação que cobram. Eu acho que a diferença é exatamente essa, você ter as resposta para dar." (em entrevista)
Aécio Neves (MG), senador e presidente nacional do PSDB
"As doações mencionadas constam da PRESTAÇÃO DE CONTAS do Diretório Estadual do PSDB em 2010 e da conta de campanha eleitoral do então candidato ao Senado Aécio Neves. Elas foram realizadas pela empresa LEYROZ DE CAXIAS INDUSTRIA COMERCIO & LOGISTICA LTDA, cujos dados também constam nas planilhas hoje divulgadas. as doações ocorreram na forma legal e estão demonstradas nos documentos públicos registrados pelo PSDB junto ao TRE-MG. A empresa LEYROZ DE CAXIAS INDUSTRIA COMERCIO & LOGISTICA LTDA., CNPJ 06.958.578/0001-31, efetuou um depósito na conta de campanha do Partido (CEF - Agência 0935 – Conta 1456-5 – CNPJ: 24.059.610/0001-29) no valor de R$ 1.600.000,00, na data de 28/09/2010. O recibo eleitoral emitido para doação foi o de Nº 45000262313. Em 21/09/2010, a empresa LEYROZ DE CAXIAS INDUSTRIA COMERCIO & LOGISTICA LTDA, CNPJ 06.958.578/0001-31 efetuou um depósito na conta de campanha do senador Aécio Neves (BANCO BRADESCO – AGÊNCIA 0465-0 – CONTA 450000-8- CNPJ: 12.179.474/0001-21) no valor de R$ 96.000,00. O recibo eleitoral emitido para doação foi o de Nº 45000243569. A prestação de contas de campanha do PSDB de Minas Gerais em 2010 e do senador Aécio Neves foram julgadas e aprovadas sem ressalvas pela Justiça Eleitoral." (por meio de nota)
Aloízio Mercadante (PT), ministro
As doações registradas nesta planilha, relacionadas aos partidos da coligação do candidato Aloizio Mercadante, ao governo do estado de São Paulo em 2010, são oficiais, declaradas e aprovadas pela Justiça Eleitoral e estão disponíveis para consulta pública no portal do Tribunal Superior Eleitoral, há seis anos.(por meio de nota)
Humberto Costa (PT-PE), senador
"A citação na planilha parece fazer menção às eleições municipais de 2012, nas quais o senador Humberto Costa (PT) disputou a Prefeitura do Recife. Como consta da prestação de contas aprovada pela Justiça Eleitoral, não houve qualquer doação da Odebrecht à campanha de Humberto daquele ano. O que pode ter ocorrido - se efetivamente houve a doação - é que ela tenha sido feita diretamente ao PT Nacional, que repassou cerca de R$ 1,7 milhão para contribuir com a campanha do senador em 2012, conforme registrado na mesma prestação de contas." (por meio de nota)
Romero Jucá (PMDB-RR), senador
"A assessoria de imprensa do senador Romero Jucá informa que o TSE aprovou, sem ressalvas, todas as doações de campanhas do parlamentar." (por meio de nota)
Maria do Rosário (PT-RS), deputada federal
"Nosso mandato sempre foi muito transparente. Referimos, abaixo, o nosso posicionamento sobre a lista divulgada. Está se fazendo uma confusão proposital para misturar o joio e o trigo. Me solidarizo a todos que fazem política com lisura e receberam doações legais e devidamente declaradas. Há que se analisar especialmente as doações inidôneas e não registradas junto ao TSE. Interessante notar que muitos da turma do golpe podem estar nesta situação. A respeito da divulgação da lista de doações da empresa Odebrecht para campanhas eleitorais, divulgadas nesta manhã, venho a público esclarecer a referência ao meu nome. A planilha cita 'indicações Maria do Rosário – CAM Porto Alegre'. Trata-se de uma doação legal feita em 2012 a qual indiquei, ao PT Nacional, a então candidata a vereadora de Porto Alegre, Ariane Leitão. A prestação de contas da candidata demonstra o devido registro ao TRE em 19 de setembro daquele ano." (mensagem publicada no Facebook)
Raul Jungmann (PPS-PE), deputado federal
"Confirmo que recebi o valor de R$ 100 mil de empresas do Grupo Odebrecht para a minha campanha. Este valor foi apresentado na prestação de contas ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), devidamente aprovada sem restrições." (por meio de nota)
Ministros
Jaques Wagner (PT), ministro do Gabinete da Presidência e ex-governador da Bahia
A assessoria do ministro Jaques Wagner afirmou que ele não vai se manifestar sobre a planilha, porque o documento está sob sigilo, e informou que todas as doações recebidas por ele foram declaradas à Justiça Eleitoral.
Governadores
Raimundo Colombo (PSD), governador de Santa Catarina
"O Governo do Estado esclarece que, com relação às recentes divulgações de supostos recursos repassados para Santa Catarina pela empresa Odebrecht, alguns pontos precisam ficar claros. 1. A empresa Odebrecht não tem em Santa Catarina nenhum contrato, não executa nenhuma obra pública ou realiza qualquer serviço do Governo do Estado, tampouco não tem, desde 2011, período do atual governo, nada que justificasse a transferência desses recursos; 2. Os valores e a forma da suposta transferência são ainda fruto de divulgação fracionada que carecem de fundamentação, o que será aguardado pela autoridade pública estadual para posicionamento definitivo sobre quem possa ter dado causa a esses fatos, se verdadeiros; 3. Por fim, o governador Raimundo Colombo não reconhece qualquer relação com a empresa Odebrecht, tampouco conhecimento sobre qualquer transferência de valores a Santa Catarina, que não tenham sido fruto de doação direta e oficial ou através do partido nacional." (por meio de nota)
Wellington Dias (PT), governador do Piauí
“O governador Wellington Dias informa que não recebeu nenhuma doação da empresa Odebrecht e que estranha seu nome na lista que foi divulgada, onde estava escrito, inclusive, de caneta. Ele ressalta que, quando governador, o Estado nunca teve relação com tal empreiteira e que nunca a empresa, ou alguma de suas subsidiárias, realizou obras no Piauí durante seu governo. Para mostrar transparência, o governador disponibiliza, ainda, a lista completa de seus doadores de campanha, que é pública e também está disponibilizada no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O governador aguardará o andamento das investigações e o esclarecimento de todos os fatos." (por meio de nota)
Deputados estaduais
Guilherme Maluf (PSDB), presidente da Assembleia Legislativa do Mato Grosso
"O presidente da Assembleia Legislativa, Guilherme Maluf (PSDB), nega que tenha recebido recursos financeiros da empresa Odebrecht nos anos de 2012 e 2014. O parlamentar enfatizou que as contas das campanhas dos referidos anos, assim como todas de sua carreira política, foram aprovadas por unanimidade pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Em anexo, seguem as prestações de contas das duas campanhas. O deputado também informa que estudará as medidas jurídicas cabíveis a serem tomadas acerca da divulgação do seu nome indevidamente na lista." (por meio de nota)
Prefeitos
Geraldo Júlio (PSB), prefeito do Recife
"Todas as doações recebidas na minha campanha eleitoral em 2012 obedeceram rigorosamente a legislação eleitoral. A prestação de contas da campanha foi apresentada à Justiça Eleitoral e aprovada pelo Tribunal Regional Eleitoral. Os detalhes estão disponíveis no site do TRE-PE." (por meio de nota)
Firmino Filho (PSDB), prefeito de Teresina
"Em relação à lista divulgada pela imprensa nacional onde figura nosso nome – em atenção a retidão que sempre nortearam nossas ações – cumpre esclarecer o seguinte: I. Não recebemos valores sob qualquer forma da Construtora Odebrecht. Reafirmamos, portanto, que a referida empresa não consta na relação de doadores da campanha de 2012; II. A referida construtora nunca teve obras ou relação contratual no âmbito da Prefeitura de Teresina em nossas gestões; III. Todas as contribuições recebidas pelo comitê de campanha nas eleições de 2012 foram contabilizadas e entregues a Justiça Eleitoral de acordo com a legislação vigente; IV. A prestação de contas referente à campanha eleitoral de 2012, que se encontra disponível no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de fácil consulta aberta, fora auditada e aprovada pelo TRE – PI." (por meio de nota)
Romero Rodrigues (PSDB), prefeito de Campina Grande
"Em nota divulgada na tarde desta quarta-feira, 23, o prefeito Romero Rodrigues (PSDB), de Campina Grande, diz não reconhecer seu nome numa possível lista de políticos que teriam recebido propina da construtora Odebrecht, em 2014. “Trata-se de uma informação cavilosa e improcedente e que terá de minha parte uma reação firme e enfática contra os responsáveis por esse absurdo inominável”, declarou Romero. O prefeito campinense, que se encontra em viagem oficial a São Paulo, anunciou que, na próxima segunda-feira, 28, fará uma visita à Justiça Federal. Na oportunidade, não apenas se colocará à disposição da Justiça, como também exigirá que se investigue a fundo o fato e se esclareça o envolvimento de seu nome numa lista comprometedora da Odebrecht. 'Não conheço ninguém dessa empresa ou de qualquer grande construtora nacional envolvida nesse escândalo e desafio a quem quer que seja a provar a mínima vinculação de minha parte com qualquer ato desabonador em minha vida pública', reforçou Romero Rodrigues." (por meio da assessoria)
Aluízio dos Santos Júnior (PV), prefeito de Macaé
"Dr. Aluízio informa que foi surpreendido ao encontrar seu nome e de outros membros do PV vinculados a doações de campanha em 2012, relacionadas à empresa Odebrecht. Conforme pode ser verificada na documentação divulgada pela imprensa na manhã desta quarta-feira (23/03), observa-se que a referida doação teria sido feita ao PV Nacional, fato possível de constatar na página do TSE, campanha de 2012, a Prefeito. Além disso, é importante esclarecer que todas as doações relativas à Campanha de 2012 foram declaradas a Justiça Eleitoral, tendo sido a prestação de contas aprovada sem ressalvas. Dr. Aluízio afirma que em momento algum recebeu qualquer quantia da citada empresa." (por meio de nota)
Dirigentes de estatais
Jorge Samek, diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional
"Causou-me profunda perplexidade e indignação ver meu nome na lista de possíveis beneficiados de doações eleitorais ou de qualquer valor proveniente da Odebrecht. Refuto veementemente a veracidade da menção ao meu nome. Tomarei, imediatamente, todas as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis para restabelecer a verdade dos fatos e responsabilizar aqueles que contribuíram para esse calunioso, difamatório e injurioso ataque ao meu nome. Não fui candidato ao cargo de prefeito de Foz do Iguaçu, o que, por si só, demonstra a mentira representada pela menção ao meu nome." (por meio de nota)
Ex-parlamentares
Cícero Lucena (PSDB-PB), ex-senador
“1) Candidato a prefeito de João Pessoa em 2012, Cícero Lucena não recebeu nenhuma doação da referida empresa; 2) O ex-senador ressalta ainda, que não conhece ou jamais solicitou qualquer tipo de doação de campanha a empresa Odebrecht; 3) Todos os seus doadores foram devidamente declarados e fazem parte da sua prestação de contas, aprovada pelo Tribunal Regional Eleitoral e disponível no site do Tribunal Superior Eleitoral; 4) Se houve doação, esta foi feita na forma da lei e diretamente ao Diretório Nacional do PSDB, que também declarou à Justiça Eleitoral; 5) Cícero renova que como senador, jamais manteve algum tipo de relação com a Odebrecht. Nunca destinou emenda parlamentar para realização de obra pela empresa e não integrou nenhuma CPI no Senado Federal; 6) Como prefeito de João Pessoa, por dois mandatos, a Odebrecht não realizou nenhuma obra na sua gestão; 7) Cabe informar que o ex-senador não disputou nenhum cargo eletivo na eleição de 2014; 8) O ex-senador defende a soberania e independência das instituições e a livre apuração de todos os fatos.” (por meio de nota)
João Paulo Cunha (PT), ex-deputado federal
A defesa de João Paulo Cunha informou que não vai comentar.
Partidos políticos
PSB (Partido Socialista Brasileiro)
“As contribuições ao PSB obedeceram as regras estabelecidas pela legislação eleitoral, e estão devidamente declaradas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Como o próprio juiz federal Sérgio Moro afirmou em seu despacho, nesta quarta-feira, não se deve incorrer em prematura conclusão quanto à natureza dessas contribuições. Há contribuições e contribuições, é preciso separar o joio do trigo.” (por meio de nota)
PP (Partido Progressista)
"O Partido Progressista (PP) sempre recebeu doações feitas em conformidade com a legislação eleitoral, as quais estão devidamente detalhadas no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)."
PDT (Partido Democrático Trabalhista)
"O PDT recebeu doações de campanha da Odebrecht em 2012 e 2014. Todas as contribuições foram legais e informadas ao Tribunal Superior Eleitoral. O partido ressalta que suas contas foram aprovadas e estão em dia." (por meio de nota).
Do G1, em Brasília.