Procuradores da força-tarefa querem detalhes sobre a corrupção em outras obras e áreas do governo.
Os procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato, em Curitiba, não abrem mão da ampla confissão do empreiteiro Marcelo Bahia Odebrecht em um eventual acordo de delação premiada. O Grupo Odebrecht tornou pública ontem a intenção de executivos da empresa de fechar uma “colaboração efetiva” com os investigadores, em busca de redução de pena.
Preso desde 19 de junho de 2015 e condenado pelo juiz federal Sérgio Moro a 19 anos de prisão, no mês passado, em um primeiro processo em que foi réu, Odebrecht estaria entre os executivos que buscam acordo.
Além de confessar ter conhecimento e ascendência sobre o “departamento da propina” desvelado pela Operação Xepa – 26.ª fase deflagrada anteontem –, Algumas delas já estão no radar da Lava Jato, como o setor de plataformas na Petrobrás, o estádio Itaquerão, em São Paulo, o Porto Maravilha, no Rio, entre outras.
Lula
Outro ponto considerado essencial para investigadores em eventual negociação, é que os executivos do Grupo Odebrecht revelem dados sobre os pagamentos de palestras, doações e reformas feitas em benefício do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Com a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, de tirar das mãos de Sérgio Moro, em Curitiba, os inquéritos envolvendo o ex-presidente, as informações podem interessar à Procuradoria-Geral da República, e não mais aos investigadores paranaenses.
Odebrecht pode negociar seu acordo tanto com a Justiça em Curitiba, como no STF – nos casos dos processos envolvendo alvos com foro privilegiado. Na nota de anteontem, o grupo deu indicativo de que quer falar sobre doações eleitorais. “Apesar de todas as dificuldades e da consciência de não termos responsabilidade dominante sobre os fatos apurados na Lava Jato – que revela na verdade a existência de um sistema ilegal e ilegítimo de financiamento do sistema partidário-eleitoral do país – seguimos acreditando no Brasil”, disse a nota.
A tentativa de negociação de uma delação premiada por executivos do Grupo Odebrecht começou mal, na avaliação dos procuradores da força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba. Na nota de esclarecimento divulgada ontem, em que afirmou não existir “sequer negociação iniciada sobre acordos de colaboração com executivos ou leniência com o Grupo Odebrecht”, a força-tarefa critica a divulgação do acordo. / J.A.,F.M.,R.B. e M.C.
“Acordos de leniência e de colaboração premiada somente são possíveis com o completo desvelamento dos fatos criminosos que já são investigados, além de outras ilegalidades”
Estadão.