Ex-aluno da UFCG participa da produção do remake de 'O Rei Leão': 'Nunca imaginei'
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Publicado em 29/11/2018
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Fernando Rabelo tem 33 anos, mas já conseguiu, em sua carreira profissional, tirar da infância o melhor proveito. O ciclo da vida, o recomeço e a memória de pessoas que importam são lições que qualquer criança da década de 90 ainda carrega hoje na vida adulta. Para Fernando, essas lições se potencializaram. Convidado a fazer parte da produção do remake "O Rei Leão", com estreia prevista para 2019, o menino que brincava no interior de Imperatriz, no Maranhão, e que cresceu aos cuidados da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), na Paraíba, ganhou o mundo. “Nunca imaginei”, disse.
Para chegar no momento que Fernando participa da sua própria infância, trocando as fitas em VHS por uma tela gigante de cinema, é necessário sair de Los Angeles, onde mora atualmente, e voltar para Campina Grande, na Paraíba, onde deu os primeiros passos ainda no curso de Arte e Mídia.
Começou a animar e fazer filmes com os amigos da turma, animando puppets em stop motion, segundo ele, “um processo demorado e que requer paciência para mover um personagem 24 vezes por segundo para atingir a ilusão de movimento”.
O aprendizado com o curso se ampliou quando resolveu fazer a transição para animação computadorizada. A parceria que envolvia amizade com a turma de Arte e Mídia na produção de filmes e animações, cativou Fernando e serviu de incentivo para continuar a carreira cinematográfica.
Depois de deixar a cidade natal, Imperatriz, no Maranhão, a primeira parada na jornada que hoje o levou a fazer parte da equipe de trabalho do filme "O Rei Leão" foi a Paraíba, Campina Grande, Rainha da Borborema.
“Lembro muito bem que essa cidade querida com toda sua riqueza cultural, espontaneidade e receptividade abriu a minha mente para as possibilidade infinitas de explorar sem medo outros lugares mundo afora”, contou Fernando. A mudança para Los Angeles surgiu desse momento. Um desafio que, depois de tanto aprendizado prático e teórico, ficou bem mais fácil de ser conquistado.
Apesar de sempre ter direcionado seu olhar para a arte, foi o curso de Arte e Mídia da UFPB que aprimorou a sua criatividade e o fez focar no que realmente era importante. Nesse caso, filme e animação.
“Com auxílio de professores incríveis e dos meus fantásticos amigos de classe, descobri a paixão por criar filmes que emocionassem pessoas que de alguma maneira procuram um escape espontâneo da realidade em que vivem e que sejam apreciadores de uma boa longa metragem”, declarou.
Assim que vestiu a beca e colocou o capelo, estava finalmente formado em Arte e Mídia, sabia que assim que tirasse o traje precisaria focar de novo nos estudos, se especializar em animação para poder avançar na área de cinema. Foi convidado pela tia para morar nos Estados Unidos e foi. Passou três anos estudando inglês e, quando se sentiu preparado para seguir adiante, começou o mestrado em animação na Universidade do Sul da Califórnia.
“Só após bastante tempo de batalha, esforço e muitas noites mal dormidas é que os resultados começaram a aparecer e subindo um degrau de cada vez eu comecei a ser convidado a trabalhar em produções cada vez maiores até chegar até aqui”, destacou.
Fernando trabalhou em várias áreas do cinema em que, segundo ele, muitas pessoas não se sentem confortáveis. “Cada trabalho é merecedor da atenção devida e que se alguém me colocou naquela posição naquele dia, é porque realmente eles precisavam de mim executando aquela tarefa”, frisou. A dedicação extra foi a base que o levou a ser reconhecido por um ex-professor e também colega de trabalho, John Brennan, que o convidou para hoje fazer parte do time de "O Rei Leão".
Fernando não pode detalhar a sua participação no trabalho, nem falar sobre o novo filme, mas dá para dizer que a experiência é bem semelhante com a que teve quando criança, quando era na fita de VHS que via os personagens ganhando vida. “Quando criança eu nunca imaginei que minha trajetória de vida me levaria de volta a um filme que, de certa forma, me ajudou a moldar minha percepção sobre narrativa em filme”, disse.
"O Rei Leão" foi, sem dúvida, o filme mais marcante não só para Fernando, mas para muitos que hoje passam dos seus 25 anos. “Como muitas outras crianças, assisti ao filme dezenas de vezes e sabia todos os diálogos e músicas decorado”, brinca. Parece clichê ou óbvio demais, mas o que aprendeu assistindo "O Rei Leão" foi que “este é o ciclo da vida”.
No dia 22 de novembro, a Disney divulgou o primeiro teaser trailer da versão em computação gráfica de "O Rei Leão". Dirigido por Jon Favreau (o mesmo de "Mogli: O menino lobo"), o filme tem estreia prevista no Brasil pro dia 18 de julho de 2019 e deve contar com a mesma trilha sonora da animação clássica.
A versão em inglês contará com vozes de Donald Glover ("Han Solo: Uma história Star Wars") como Simba, da cantora Beyoncé como Nala, de Seth Rogen ("É o fim") como Pumba e do retorno de James Earl Jones como Mufasa.
A produção será feita nos mesmos moldes de "Mogli" (2016), que mistura gravações reais com personagens modelados por computação gráfica.
Embora Fernando não possa falar especificamente sobre a tecnologia usada em "O Rei Leão", ele explica que os avanços tecnológicos feitos na indústria cinematográfica vêm ocorrendo muito rápido. O progresso proporciona à equipe de filmagem a oportunidade de pré-visualizar o filme antes de investir milhões no resultado final.
Fernando explica que o uso dessa nova tecnologia na criação de filmes deu seus primeiros passos em outro filme da Disney, "Mogli", no qual um ator, com uma vestimenta de captura de movimentos e um óculos de realidade virtual, pode visualizar e interagir em tempo real com uma manada de búfalos que avançava em sua direção.“Usando esta técnica, a reação do ator ao que acontecia na cena virtual se tornou impecável, tendo em vista que anteriormente atores gravando captura de movimento tinham que atuar apenas imaginando a sua interação com outros personagens e objetos no set de filmagem”, explicou.
Sobre o filme, o que Fernando pode dizer é que quem escolher sentar na cadeira de cinema vai se emocionar. Pode ser como uma espécie de viagem no tempo, como ele mesmo já deve ter feito durante seus trabalhos. Quando criança, era comum ele visitar amigos e assistir aos filmes. Sempre aceitou o convite, mesmo já tendo assistido em casa dezenas de vezes.
Bonecos de pelúcia dos personagens, roupas temáticas, brinquedos variados e várias encenações caseiras de cenas do filme, incluindo Simba sendo levantado por Rafiki na Pedra do Rei, ficaram na memória de muita gente que viveu na época em que o filme virou febre.
“É engraçado que quando estamos focados no trabalho, às vezes esquecemos o quão importante este filme foi para a nossa geração. Porém, cada vez que assisto ao trailer me arrepio todo, lágrimas caem dos meus olhos, e quando menos percebo, a criança que existe dentro de mim e que um dia amou tanto este filme está de volta e certo de que o que estamos fazendo aqui pode marcar mais uma vez essa nova geração”, declarou.Ele acredita que o novo filme será uma viagem no tempo para quem viveu na época do lançamento do filme original. Agora essas pessoas terão o prazer de rever o filme ou de levar seus filhos para conhecerem uma história de amizade, amor e memória. “A pergunta é, quem chorará mais?”, ele brinca.
FONTE:https://g1.globo.com