O médico Ariel Sanches saiu de Cuba para o Brasil em novembro de 2013 e, durante cinco anos, exerceu a profissão na Paraíba através do programa Saúde da Família - um acordo entre os dois países. Foi na cidade de Sousa, onde chegou para trabalhar, que Ariel conheceu Vânia Silva, uma enfermeira com quem se casou e teve o filho Adriel, hoje com 3 anos.
Por decisão do Governo Federal, em novembro de 2018, os médicos cubanos foram desligados do PSF no Brasil e deveriam retornar para o país de origem. Porém, a família se tornou para Ariel um laço mais forte que o vínculo de trabalho e então o médico resolveu permanecer no país.“Depois que ele saiu, que o programa acabou, ficamos os dois desempregados com uma criança de 3 anos e então a gente ficou nessa, sem saber o que ia acontecer porque o último salário dele, que ele tinha, já estava acabando. A nossa esperança é que ele consiga passar nessa revalida”, conta Vânia Silva, esposa de Ariel.
Hoje, desempregados, Ariel e a esposa recebem ajuda dos ex-pacientes e amigos do médico. Na expectativa de respostas positivas, o cubano também sente a dor de tantos outros colegas que perderam o emprego. “A gente hoje vive graças ao povo de Sousa, graças à população que nos acolheu, nos deu ajuda tanto de dinheiro como de comida”, conta o médico.
“A minha única família agora é ele e meu filho, porque meus pais já estão falecidos. Meu sonho é que ele volte a trabalhar como médico, que ele volte a trabalhar no PSF, a população gosta muito dele e tem ajudado muito. Os pacientes esperam que ele retorne”, diz Vânia.
Espera pelo resultado da revalida
Sanches, que é médico há vinte anos, espera há mais de dois anos o resultado da Revalida - exame que autoriza o exercício da medicina no Brasil. O médico diz que o sonho é ser aprovado no exame para que ele possa voltar a atender no PSF onde trabalhava em Sousa e poder retribuir toda a ajuda que recebeu da população após perder o emprego.
O cubano diz que o maior sonho, tanto do médico brasileiro que se formou no exterior, quanto o estrangeiro que vem morar no Brasil, é passar na revalida, porque é o único exame possibilita o profissional trabalhar como médico no país.
“Se Deus me permitir, na hora que eu passar nesse exame eu vou voltar ao meu PSF com meus pacientes e vou retribuir tudo aquilo de bom que eles fizeram comigo. Eu vou retribuir com mais trabalho, mais ajuda e com mais humildade. Eles merecem”, afirmou Ariel.
FONTE:https://g1.globo.com