'É triste porque a família não vem atrás', diz adolescente da PB na fila de adoção há 14 anos
24/05/2019 16:15 em O que acontece..

Seletividade por parte de quem adota dificulta o processo de adoção tardia e adolescentes precisam aprender a serem independentes.

“É triste porque a família não vem atrás. E quando a gente vai atrás, não nos querem, a gente fica chorando”. A situação de Rebeca (nome fictício), que tem 17 anos e vive em abrigos desde os 3, não é muito diferente das outras 11 pessoas que moram no mesmo abrigo que ela, no bairro do Miramar, em João Pessoa, e estão esperando ser adotados há muito tempo.

 

De acordo com os dados do Cadastro Nacional de Adoção (CNA), atualmente na Paraíba existem 90 crianças e adolescentes morando em abrigos. Destas, 52 estão disponíveis para adoção e outras 38 ainda estão vinculadas às famílias, mas moram nos abrigos por motivos judiciais.

No abrigo onde Rebeca vive, moram adolescentes que ainda não foram adotados. Dos 12 acolhidos, três já passaram dos 18 anos de idade - incluindo um irmão dela - e estão sendo preparados profissionalmente para saírem estruturados e levarem os irmãos que ainda moram na casa.

“Depois que eles atingem 12 anos, fica muito complicado para adoção, é muito difícil”, diz Ana Cristina, coordenadora do abrigo. Conforme os dados do CNA, isso pode acontecer pois há uma seletividade na hora de adotar.No Brasil, são 42.494 pessoas aptas a adotar. Deste total, apenas 139 (0,33%) aceitam adotar pessoas com até 17 anos e 11 meses. A maioria prefere crianças de até um ano de idade.

Por causa da dificuldade de adoção tardia, os abrigos buscam profissionalizar os adolescentes que já estão perto de atingir os 18 anos, com o objetivo de integrá-los à sociedade e torná-los independentes.

“Aqui no abrigo, todos estão matriculados na escola e fazem atividades em outros horários. A gente vai preparando para o mercado de trabalho, cuidando da autonomia, matriculando em cursos e oficinas para quando saírem daqui, saberem sobreviver lá fora”, explica Ana Cristina.

Rebeca sonha em ser professora de ginástica, mas entende a necessidade de se diversificar e está confiante em conseguir emprego após sair do abrigo.

“Eu faço natação e ensaio de baliza. Terminei um estágio e estou fazendo curso de manicure, mas já fiz de informática, de espanhol. Estou preparada e já estou procurando outro emprego deixando currículos em loja”, completa a menina.

FONTE:https://g1.globo.com

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