A cena é reconstituída com clareza na cabeça do colaborador. “Eu creio que foi coisa de Deus. Assim que eu entrei no banheiro, tinha acabado de entrar um rapaz no box em que eu achei [o montante]. Depois que ele saiu, eu fiz a limpeza. O dinheiro estava envolvido em um papel em cima do porta papel higiênico. Foi a primeira coisa que eu vi e veio logo em minha cabeça a responsabilidade de entregar tudo ao dono”, contou.
Claudiano garantiu que em nenhum momento pensou em ficar com a quantia encontrada. Ele trabalha no local há cerca de três anos e quatro meses e disse que a devolução de qualquer objeto que for encontrado faz parte da conduta profissional dele.
O auxiliar de serviços gerais explicou que faz parte da rotina dele encontrar objetos de valor. Segundo ele, quando o material está com identificação é mais fácil devolver aos donos. Já quando ele encontra dinheiro, o primeiro passo é fazer a contagem e guardá-lo até que o proprietário o procure.Claudino confessou que passou a noite em claro e teve até que ser medicado. Ele teve uma forte dor de cabeça por não ter sido notificado sobre o desaparecimento do dinheiro. No dia seguinte, ele foi surpreendido novamente, quando precisou trabalhar na folga para cobrir um colega que estava doente.
Quando chegou ao local de trabalho, um comerciante da região, que havia perdido o dinheiro, havia aparecido. Ele não quis ser identificado. O superintendente do shopping, Carlos Galán, disse que a atitude do funcionário fortaleceu o espírito de equipe do estabelecimento.
"Ele sempre foi um funcionário exemplar. Não tinha como esperar uma atitude diferente dele. A gente se sente muito orgulhoso", destacou o superintendente.
Para comprovar se o pacote era mesmo do empresário, Claudiano perguntou a quantia que ele havia perdido, a forma e como o montante estava embalado. Com as informações conferidas, ele devolveu todo o dinheiro.
'Alegria não foi encontrar o dinheiro, mas devolver', declarou o funcionário
A devolução de quase R$ 7 mil aconteceu na tarde da segunda-feira (14). O próprio Claudiano entregou ao comerciante o valor que ele havia perdido. O momento foi de emoção e sensação de dever cumprido para o auxiliar de serviços gerais.
“Eu fiz questão de dizer para ele que alegria não foi encontrar o dinheiro, mas devolver. Eu sei que foi difícil e suado para ele conseguir. A devolução, com certeza, tocou mais em mim do que nele”, afirmou.
Claudiano sustenta a família com pouco mais de um salário mínimo
Claudino sustenta a família com um pouco mais de um salário mínimo mensal. Ele trabalha 12 horas por dia e folga outras 36 horas até retomar o trabalho. A esposa dele, Joana D'arc Félix Rodrigues, de 27 anos, faz serviços temporários como faxineira e babá. O casal tem uma filha, Maria Eduarda Félix da Silva, de 9 anos.Ele se emocionou ao falar da família. Explicou que a necessidade não o faria agir de forma desonesta.
“Vamos dar as mãos e seguir em frente. Em nenhum momento passou pela minha cabeça ficar com esse dinheiro. Só devemos querer aquilo que é fruto do nosso suor. Não prosperamos de jeito nenhum com o que vem do outro”, finalizou.
Colaborador não esperava que o caso repercutisse
A história protagonizada pela boa ação de Claudiano se espalhou pela cidade, com população um pouco maior do que 58 mil habitantes. Tanto que ele nem esperava. Mas confessou que ficou um pouco triste ao ouvir de muitas pessoas que não devolveriam o dinheiro se estivessem no lugar dele.
“Eu tenho a consciência de que fiz o certo e faria novamente. Cada um tem um jeito de ser, esse é o meu jeito”, concluiu Claudiano.
FONTE:https://g1.globo.com