O ex-dirigente da organização social que administrava o Hospital de Trauma de João Pessoa, Daniel Gomes, apontou durante delação premiada ao Ministério Público da Paraíba (MPP) em investigações realizadas pela Operação Calvário, que políticos usavam os cargos que ocupavam para beneficiar eleitores com atendimento na área da saúde. De acordo com ele, os pacientes indicados pelo grupo eram atendidos antes dos que estavam em filas de espera.
Em um trecho da colaboração, Daniel afirmou que a secretaria do Hospital de Trauma de João Pessoa possuía uma lista de pessoas que eram atendidas por demanda dos políticos da base do governo.
Segundo o delator, em 2017, a então secretária de saúde da Paraíba, Cláudia Veras, implementou uma mudança no procedimento e solicitou que todas as demandas passassem pela avaliação prévia dela com a finalidade de estabelecer um equilíbrio no atendimento aos pedidos dos políticos da base do governo.
A partir da mudança, os atendimentos prioritários foram encaminhados para o Hospital de Trauma. Daniel disse que essa triagem não era seguida por alguns parlamentares, que procuravam o superintendente da Cruz Vermelha Brasileira para conseguir os atendimentos diretos.
O advogado de defesa da ex-secretária de saúde, Cláudia Veras, disse não ter conhecimento sobre a delação e que ainda não teve acesso aos vídeos , mesmo tendo solicitado à Justiça. O G1 não conseguiu posicionamentos de Ricardo Coutinho e da Cruz Vermelha.
Ainda na colaboração, ele contou que o centro de imagem do Hospital de Trauma tinha gastos extras para dar conta da demanda externa da unidade. O local, inicialmente projetado para atender aos pacientes internados no hospital, passou a receber diversos pacientes externos, que faziam os exames e davam continuidade ao tratamento em outro local.
Irregularidades no início do funcionamento do Hospital Metropolitano de Santa Rita
Daniel Gomes contou que o Hospital Metropolitano de Santa Rita foi projetado para receber apenas pacientes de outras unidades de saúde da Paraíba e necessitava de regulação junto à Secretaria de Estado de Saúde e à rede pública de saúde do estado.
Para beneficiar pacientes indicados por políticos, ele disse que Ricardo Coutinho adiou a regularização da unidade de saúde por cerca de seis meses, com a justificativa de que o hospital estava em fase de treinamento.
No período eleitoral de 2018, foram atendidas, em média, cerca de 30 mil pessoas, no Hospital Metropolitano de Santa Rita.
Fonte:https://g1.globo.com