Presidente ressaltou medidas como a PEC do Teto e Reforma da Previdência.
Nesta quarta, agenda terá reuniões para atrair investimentos estrangeiros.
Em entrevista a jornalistas japoneses após a chegada em Tóquio nesta terça-feira (18), o presidente da República, Michel Temer, afirmou que a economia brasileira passa por uma "espécie de "recomeço". Ele destacou os projetos do governo na área fiscal, como a PEC que limita os gastos públicos.Depois de passar os últimos dias em Goa (Índia), onde participou da cúpula dos Brics (grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), Temer desembarcou por volta das 17h30 (horário de Brasília) desta segunda (17) na capital japonesa, onde permanecerá até quinta (20).
Nesse período, o presidente terá uma série de reuniões na cidade, que incluem encontros com o imperador Akihito, o primeiro-ministro, Shinzo Abe, e empresários. Esta é a primeira visita de um chefe de Estado brasileiro ao país em 11 anos.
"[A visita ocorre] precisamente em um momento em que estamos fazendo uma espécie de recomeço da economia do nosso país. Este recomeço se traduz, em primeiro lugar, em projetos reveladores de austeridade em nossa política fiscal, cujo objetivo é o controle dos gastos públicos. Ou seja, agora só se gasta no país aquilo que se arrecada", disse Temer à imprensa japonesa.
Em seguida, ele citou a PEC do teto dos gastos e a reforma da Previdência, que deve ser enviada ao Congresso "em breve", segundo o presidente.
"Quando falamos desses dois projetos é para, em primeiro lugar, combater o desemprego e, segundo lugar, fazer com que aqueles que contribuem para a Previdência Social possam bater às portas do governo daqui a alguns anos e poder receber suas pensões."
Na conversa, Temer ainda falou que o Brasil vive um "clima de absoluta tranquilidade institucional e de segurança jurídica, o que é muito importante para aqueles que irão contratar investimentos" no país.
Durante a visita, o governo brasileiro vai apresentar o Programa de Parceria de Investimentos (PPI). Temer informou aos jornalistas japoneses que serão feitas pelo menos 34 concessões em portos, aeroportos, ferrovias, rodovias, e no setor de óleo e gás.
"Queremos não só investimentos novos, mas a ampliação dos investimentos japoneses já existentes no Brasil", comentou. Questionado se o Brasil importaria tecnologia atômica, o presidente falou que não tem objeção quanto ao tema, mas ressaltou que a legislação brasileira só permite o uso para fins pacíficos.
Agenda
O presidente Temer chegou a Tóquio acompanhado de uma comitiva formada pela primeira-dama Marcela Temer, e ministros, entre eles José Serra (Relações Exteriores) e Marcos Pereira (Indústria, Comércio Exterior e Serviços), além do secretário do PPI, Moreira Franco.
Em novembro de 2015, a então presidente Dilma Rousseff chegou a marcar uma viagem ao Japão, mas a cancelou.
Para esta quarta (19), estão previstos na agenda do presidente uma recepção por parte do imperador Akihito, no Palácio Imperial, às 10h (horário de Tóquio), e um almoço com empresários brasileiros e japoneses, no qual Temer buscará atrair investimentos estrangeiros.
À tarde, Temer deverá se reunir com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, e com o vice-primeiro ministro, ministro das Finanças e presidente da Liga Parlamentar Brasil-Japão, Taro Aso. No início da noite, será oferecido por Shinzo Abe um jantar a Temer.
Na quinta (20) pela manhã, a delegação brasileira embarca de volta ao Brasil. A previsão é que o grupo chegue a Brasília na sexta (21).
Outros temas a serem tratados nos encontros devem ser a realização da Olimpíada em Tóquio em 2020 e a reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Após a Olimpíada do Rio, que Fujimura classificou como “sucesso”, os japoneses querem discutir as experiências cariocas para copiar ações bem sucedidas.
Na entrevista com jornalistas, apesar de ressaltar o desempenho da Rio 2016, Temer disse "ter poucos conselhos a dar". "O Japão deve organizar a Olimpíada a seu modo, que é sempre organizado, perfeito."
No campo diplomático, Brasil e Japão fazem parte do G4, grupo que reúne ainda Alemanha e Índia e defende uma reforma no Conselho, incluindo mais assentos permanentes com poder de veto.
Expectativa japonesa
O ministro Kazuhiro Fujimura, da Embaixada do Japão no Brasil, em declaração a jornalistas na última sexta (14), afirmou que a expectativa é que a economia brasileira melhore após "dificuldades políticas e econômicas".
"As coisas estiveram paradas para novos investimentos [de indústrias japonesas]. O novo governo vai começar a trabalhar para tomar medidas favoráveis e o clima vai ser muito melhor", declarou.
Segundo a embaixada japonesa, atualmente, cerca de 700 empresas nipônicas têm negócios em terras brasileiras. "A visita do presidente Temer significa uma expansão das relações e a promoção de cooperações políticas, econômicas, tecnológicas, esportivas e de Defesa", afirmou Fujimura.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, cerca de 180 mil brasileiros vivem no Japão. Já no Brasil há, aproximadamente, 1,9 milhão de descendentes de japoneses. No ano passado, o intercâmbio comercial entre ambos os países foi de US$ 9,7 bilhões e os investimentos diretos japoneses no Brasil alcançaram US$ 2,8 bilhões, informou.
Fonte:http://g1.globo.com