Suspeito de matar família se entregou por 'melhor condição de se defender'
19/10/2016 14:48 em Geral

Jovem preso ao desembarcar na Espanha teria esquartejado a família.
Patrick não confessa, ele viajou para responder ao processo, diz advogado.

François Patrick Gouveia, preso na Espanha nesta quarta-feira (19) suspeito de assassinar e esquartejar o tio, a esposa deste e os dois filhos do casal, decidiu se entregar à polícia espanhola por acreditar que pode se defender melhor das acusações na Espanha, segundo o advogado dele. De acordo com Eduardo Cavalcanti, responsável pela defesa de Patrick, apesar de se entregar, o jovem não confessa o crime, não temeu ser preso no Brasil e não recebeu ameaças.

De acordo com a defesa, Patrick saiu de João Pessoa na noite da terça-feira (18), sozinho, em um voo convencional, e foi preso assim que desembarcou no aeroporto de Adolfo Suárez-Madrid Barajas, em Madri. A Guarda Civil espanhola divulgou em uma rede social o vídeo que mostra o desembarque do suspeito no aeroporto de Madri.

"Ele não confessa, mas ele entende que terá melhor condição de se defender na Espanha do que no Brasil. Ele acha que suas condições serão melhores de exercer sua defesa com um defensor espanhol, que é quem pode estar habilitado para a defesa", explicou o advogado, que continua representando a família.

O advogado destacou que o jovem não viajou para a Espanha para que não houvesse um processo e uma possível prisão no Brasil. "Ele apenas preferiu retornar para a Espanha, para ter mais condições de fazer a defesa. Patrick não recebeu nenhuma ameaça de ninguém no Brasil, estava em liberdade, é tanto que pegou um voo comercial. Em nenhum momento ele foi abordado".

Autoridades policiais e judiciárias espanholas já tinham lamentado o fato de que ele não poderia ser extraditado para enfrentar julgamento na Espanha, onde a chacina ocorreu. A Constituição brasileira impede que o suspeito pudesse ser extraditado.

"A investigação com certeza vai ser concluída de forma mais rápida, para que depois se inicie o processo, com todas as garantias com que qualquer acusado tem. A família está muito abalada com tudo e também está preocupada com a repatriação dos corpos. A família quer ajudar, na medida do possível, para que os corpos cheguem logo ao Brasil", afirmou Cavalcanti. 

“Quando eu voltei da Espanha, conversei com a família e com ele, relatando o que eu vi do processo lá. Ele entendeu que seria melhor voltar para a Espanha e responder ao processo lá do que esperar abrir um aqui no Brasil. Inclusive, ele destaca que resolveu voltar para lá justamente para ver que ele não estava foragido, como as pessoas falavam”, disse Eduardo de Araújo.

Segundo o advogado, Patrick comprou a passagem e saiu da capital paraibana em um voo convencional, com escalas em Recife e São Paulo. Ele resolveu se entregar após acertar um acordo com a polícia espanhola. “Como ele não tinha nenhum mandado de prisão no Brasil, ele não precisou viajar com a polícia, e foi sozinho”, explicou Eduardo. O voo saiu de São Paulo às 22h (horário de brasília) e pousou na Espanha no início da manhã desta quarta-feira, no horário brasileiro.

Ainda de acordo com Eduardo Cavalcanti, os parentes mais próximos do jovem estão abalados com o caso e acenaram uma ajuda para trazer os corpos da família assassinada de volta para o Brasil. "A família ainda está muito abalado com tudo isso. Afinal de contas, Patrick volta para a Espanha. E a família agora está preocupada com a repatriação dos corpos. A família [de Patrick] quer ajudar na medida do possível para que os corpos das vítimas cheguem logo ao Brasil para que aqui recebam as condolências finais dos seus familiares”, comentou o advogado.

 

De acordo com uma nota publicada no site oficial da Guarda Civil espanhola, Patrick foi levado para o comando da Guarda Civil de Guadalajara, onde vai aguardar para ser entregue à Justiça do país.

Ordem de prisão
A Justiça espanhola tinha emitido uma ordem de prisão europeia e internacional contra François Patrick Gouveia, 
e até então o suspeito ainda não havia recebido nenhuma notificação sobre o mandado de prisão no Brasil. De acordo com Eduardo Cavalcanti, advogado da família de Patrick, ele prestou depoimento à Polícia Federal no dia 30 de setembro.

Fontes da investigação informaram à agência EFE que Patrick, que é sobrinho de Marcos Campos Nogueira, pai da da família assassinada, decidiu se entregar após conversas entre os investigadores espanhóis e seu advogado, que esteve na Espanha na semana passada.

 

O advogado afirmou também que Patrick “nega veemente a autoria do crime”.

A ordem foi emitida no dia 22 de setembro, mas o Superior Tribunal de Justiça da região de Castilla-La Mancha só divulgou uma nota sobe a ordem na terça-feira (4). À época, o ministro de Interior da Espanha, Jorge Fernández Díaz, deu por "esclarecido" o quádruplo assassinato e descartou a possibilidade de que os crimes tenham relação com o tráfico de drogas ou o crime organizado. A imprensa espanhola noticiou ainda que o DNA do suspeito foi encontrado no local do crime e que o celular dele dava indícios de que ele esteve no local "durante a tarde, a noite e a manhã seguinte" ao crime.

A Polícia Federal disse que estava aguardando informações do Chefe da Interpol no Brasil e monitorava o caso, sendo considerada inválida a ordem de prisão emitida na Espanha, até que houvesse alguma homologação feita por tribunal superior no Brasil.

O suspeito
Em 2013, François Patrick foi apreendido aos 16 anos por esfaquear um professor em sala de aula no estado do Pará e cumpriu 45 dias de medida socioeducativa. Em março deste ano, se mudou para a Europa para tentar a vida como jogador de futebol e foi morar com a família do tio na cidade de Torrejón, onde ficou por quatro meses.

Segundo o advogado da família de Patrick, a família de Marcos tinha o costume de mudar de endereço. “Ele disse que Marcos estava se mudando, o que era muito comum, ele mudar de residência. E disse também que Marcos falou que depois voltaria para buscá-lo. Patrick nem sabia o novo endereço dele”, explicou o advogado.

A Guarda Civil espanhola afirmou que Patrick é "violento" e ressaltou que ele tem antecedentes criminais no Brasil. Segundo o comandante Reina, o acusado tem características de psicopatia, demonstradas por "sua falta de apego à vida humana e de afetividade" e "seu narcisismo e egoísmo".

Fonte:http://g1.globo.com

 

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