'Aliviados', diz irmão de mulher morta na Espanha sobre prisão de suspeito.
21/10/2016 15:09 em Geral

George, irmão de Janaína Américo, diz que justiça começou a ser feita.
Suspeito de matar família se entregou à polícia espanhola na quarta-feira.

“Estamos melhores, mais aliviados sabendo que a justiça está sendo feita. A justiça começou agora”. O irmão gêmeo de Janaína Américo, morta e esquartejada com o marido e os dois filhos na Espanha, relatou que de João Pessoa a família acompanhou o desenrolar da prisão de François Patrick Gouveia, 19 anos, suspeito do crime, que se entregou à polícia espanhola na quarta-feira (19), após entender que poderia se defender melhor na Espanha do que no Brasil.

A família foi encontrada morta e os corpos esquartejados, no dia 18 de setembro, na casa onde eles moravam, em Pioz, a cerca de 60 km de Madri. A polícia acredita que os corpos se encontravam na casa há cerca de um mês. “A justiça está sendo feita. Faz três meses que estamos acabados. E nesta quarta-feira, começamos o dia melhor. A gente espera que ele seja julgado e que a justiça seja feita, que ele [Patrick] seja julgado corretamente”, comentou George.

Corpos serão cremados
Para conseguir trazer os corpos da família morta na Espanha, os parentes de Marcos Nogueira e Janaína Américo conseguiram arrecadar R$ 10.791 por meio de uma vaquinha online. O dinheiro arrecadado vai servir para ajudar com os custos do translado dos corpos. Segundo a prima de Janaína, Sevânia Américo, os corpos vão ser cremados antes do transporte para o Brasil.

 

As doações foram 17,99% do total que a família colocou como objetivo, de R$ 60 mil. No entanto, os custos devem ser menores do que se esperava. Inicialmente, o valor do translado estava orçado em 12.800 euros. Porém, segundo Sevânia, o Consulado Brasileiro conseguiu um orçamento menor e a família vai ter que desembolsar 6 mil euros para transportar os corpos.

O valor, sem taxas, equivale a R$ 20.859,60, conforme a cotação da moeda na quarta-feira. A campanha ainda segue até o fim do dia desta quinta-feira (20) e está aberta a doações.

“A campanha não atendeu à expectativa porque não fechou nos 7 mil euros [valor aproximado com taxa] que nós precisamos. Mas, ainda temos doações chegando na Espanha e um blog vai realizar uma feijoada beneficente em Madri para arrecadar mais dinheiro no domingo [23]”, disse Sevânia.

Sevânia Américo explicou que já foi dada entrada na solicitação, mas os corpos só devem ser liberados na segunda-feira. A previsão é de que na terça-feira (25) a funerária possa levar os corpos para incineração. Depois, as cinzas serão levadas para Madri e seguem de avião para o Brasil. O processo deve durar cerca de 10 dias.

 

“Nós e a família de Marcos estamos providenciando quatro urnas para serem colocadas as cinzas. Quando chegarem aqui, vamos fazer uma pequena cerimônia para que nossa família e eles tenham paz. A justiça está sendo feita através da Justiça da Espanha e da Guarda Civil”, declarou Sevânia.

Suspeito preso
François Patrick Gouveia decidiu se entregar à polícia espanhola por acreditar que pode se defender melhor das acusações na Espanha, segundo o advogado dele. De acordo com Eduardo Cavalcanti, responsável pela defesa de Patrick, apesar de se entregar, o jovem não confessa o crime, não temeu ser preso no Brasil e não recebeu ameaças.

De acordo com a defesa, Patrick, que tem 19 anos, saiu de João Pessoa na noite da terça-feira (18), sozinho, em um voo convencional, e foi preso assim que desembarcou no aeroporto de Adolfo Suárez-Madrid Barajas, em Madri. A Guarda Civil espanhola divulgou em uma rede social o vídeo que mostra o desembarque do suspeito no aeroporto de Madri.

"Ele não confessa, mas ele entende que terá melhor condição de se defender na Espanha do que no Brasil. Ele acha que suas condições serão melhores de exercer sua defesa com um defensor espanhol, que é quem pode estar habilitado para a defesa", explicou o advogado, que continua representando a família.

 

Autoridades policiais e judiciárias espanholas já tinham lamentado o fato de que ele não poderia ser extraditado para enfrentar julgamento na Espanha, onde a chacina ocorreu. A Constituição brasileira impede que o suspeito pudesse ser extraditado.

Segundo o advogado, Patrick comprou a passagem e saiu de João Pessoa em um voo convencional, com escalas em Recife e São Paulo. Ele resolveu se entregar após acertar um acordo com a polícia espanhola. “Como ele não tinha nenhum mandado de prisão no Brasil, ele não precisou viajar com a polícia, e foi sozinho”, explicou Eduardo. O voo saiu de São Paulo às 22h (horário de Brasília) e pousou na Espanha na manhã da quarta-feira, no horário brasileiro.

 

De acordo com uma nota publicada pela Guarda Civil espanhola, Patrick foi levado para o comando da Guarda Civil de Guadalajara, onde aguarda para ser entregue à Justiça do país.

Ordem de prisão
A Justiça espanhola tinha emitido em 22 de setembro uma ordem de prisão europeia e internacional contra François Patrick Gouveia, 
e até então o suspeito ainda não havia recebido nenhuma notificação sobre o mandado de prisão no Brasil. De acordo com Eduardo Cavalcanti, advogado da família de Patrick, ele prestou depoimento à Polícia Federal no dia 30 de setembro e “nega veemente a autoria do crime”.

 

À época, o ministro de Interior da Espanha, Jorge Fernández Díaz, deu por "esclarecido" o quádruplo assassinato e descartou a possibilidade de que os crimes tenham relação com o tráfico de drogas ou o crime organizado.

A Guarda Civil espanhola afirmou que Patrick é "violento" e ressaltou que ele tem antecedentes criminais no Brasil. Segundo o comandante Reina, o acusado tem características de psicopatia, demonstradas por "sua falta de apego à vida humana e de afetividade" e "seu narcisismo e egoísmo".

Em 2013, François Patrick foi apreendido aos 16 anos por esfaquear um professor em sala de aula no estado do Pará e cumpriu 45 dias de medida socioeducativa. Em março deste ano, se mudou para a Europa para tentar a vida como jogador de futebol e foi morar com a família do tio na cidade de Torrejón, onde ficou por quatro meses.

A Polícia Federal disse que estava aguardando informações do Chefe da Interpol no Brasil e monitorava o caso, sendo considerada inválida a ordem de prisão emitida na Espanha, até que houvesse alguma homologação feita por tribunal superior no Brasil.

Fonte:http://g1.globo.com

 

 

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