“Na fase de estudo preliminar para a pesquisa, constatamos que alguns médicos já estavam tomando remédios ansiolíticos, alguns com efeitos adversos que poderiam prejudicar a concentração e tomada de decisão dos profissionais. A cannabis age de forma diferente e, com o aumento da concentração, nós queremos saber qual o impacto disso”, diz o farmacêutico.
A pesquisa vai seguir protocolos rigorosos para a investigação, segundo Murilo. Parte dos voluntários vai receber o medicamento feito com o óleo integral da cannabis e parte vai receber um remédio placebo. Nem os médicos que vão acompanhar os voluntários, nem os próprios voluntários, vão saber quem recebeu qual substância.
“A gente tem um estatístico dentro da nossa equipe, de sete pesquisadores, e ele nos ajudou a decidir alguns parâmetros para que esta pesquisa tenha impacto a nível internacional. Apenas ele, ao final da coleta dos dados, sabe quem recebeu qual produto, de forma que a confiabilidade nos dados é maior”, explica Murilo.A parte inicial da pesquisa, com as inscrições dos voluntários, vai até o final de julho. Em agosto, os pesquisadores vão selecionar os 300 médicos e enfermeiros que vão participar do estudo. “A seleção vai ser feita de forma a abranger todos os estados e perfis de profissionais, visando uma melhor distribuição e resultados que possam condizer com a realidade do Brasil como um todo”, conta o coordenador do estudo.A partir de agosto, os voluntários vão passar a receber os frascos com a cannabis integral ou o placebo. O acompanhamento dos voluntários vai ser feito até dezembro, com coleta final de dados em janeiro de 2021.
“Como a cannabis tem um efeito rápido, pode ser que tenhamos resultados preliminares antes do fim do cronograma da pesquisa, mas são dados incompletos. O artigo final com a conclusão da pesquisa deve ser publicado até março de 2021”, completa o pesquisador.
Conforme o formulário de inscrição da Abrace, os voluntários devem preencher informações técnicas, sanitárias e estatísticas, além de histórico de saúde, perfil sociodemográfico, grau de envolvimento no combate à pandemia, entre outros aspectos. Grávidas, lactantes e pessoas com condições psiquiátricas pré-existentes não podem se inscrever.
FONTE:https://g1.globo.com