De acordo com os pesquisadores da UFPB, o estado da Paraíba é marcado por um arranjo administrativo que possui 90% dos municípios com menos de 40 mil habitantes, 60% deles têm menos de 10 mil e as vulnerabilidades socioeconômicas dos diferentes territórios ampliam os riscos associados à disseminação do novo coronavírus (Sars-CoV-2).
“São municípios majoritariamente pobres (a quase totalidade possui Índice de Desenvolvimento Humano médio ou baixo) e quase 60% dos trabalhadores estão em ocupações informais, o que corresponde a 882 mil pessoas. A Paraíba tem o 3º menor índice de trabalhadores com carteira assinada”, revela o professor Henrique Menezes.
Para os pesquisadores, os dados ressaltam a urgência de os gestores públicos da Paraíba adotarem medidas voltadas à assistência da população mais vulnerável do ponto de vista socioeconômico e, dessa forma, ter melhores chances de assegurar o isolamento social.
“A diferença nas taxas de mortalidade entre as cidades com a maior quantidade de óbitos mostra de forma clara os efeitos da desigualdade sobre os resultados em saúde. Santa Rita e Bayeux – parte da Região Metropolitana de João Pessoa, com condições socioeconômicas mais frágeis – são as que apresentam as taxas mais elevadas no Estado”, conta Menezes.
Segundo informações dos professores da UFPB, a Paraíba ficou, por mais de 30 dias, como o Estado brasileiro com as menores taxas de testagem da população. Apenas no início de maio passou a realizar testes rápidos em maior volume.
“Essa mudança na política de controle refletiu nos dados de mortalidade da Covid-19 no estado, que alcançou 14,5% em meados de abril e não ultrapassou a marca de 3% até os primeiros dez dias do mês passado”, argumenta o professor Henrique Menezes.
Os pesquisadores da UFPB alertam que a baixa adesão da população ao isolamento social e o posicionamento contrário às medidas de distanciamento para favorecer a reabertura por parte dos setores empresariais são os maiores desafios para os gestores públicos da Paraíba.
“As maiores taxas de letalidade estão em Santa Rita, Bayeux e Patos. São 10%, 6% e 3%, respectivamente. A ausência de ações mais drásticas para ampliação da infraestrutura emergencial de saúde é ainda uma fragilidade dentre as ações adotadas pelo governo estadual”, lamenta Menezes.
FONTE:https://g1.globo.com