Suspeito preso diz que jovem foi morta por dois colegas.
Vendedora foi vista saindo de bar em João Pessoa com os três suspeitos.
A vendedora Vivianny Crisley, de 29 anos, desaparecida em João Pessoa desde outubro, pode ter sido assassinada por ter gritado pedindo para ir para casa. Essa é a versão de um dos três suspeitos de envolvimento no caso, que já foi preso, segundo o delegado responsável pela investigação, Reinaldo Nóbrega, divulgou nesta sexta-feira (11). De acordo com depoimento de Allex Aurélio Tomás dos Santos, preso pela participação no crime, os outros dois suspeitos saíram com Vivianny e depois retornaram para a casa dele sujos de sangue afirmando terem “matado a menina”.
A jovem foi vista pela última vez no dia 20 de outubro, saindo de um bar na Zona Sul de João Pessoa. Um corpo que pode ser o de Vivianny foi localizado na segunda-feira (7), em estado esqueletizado, o que dificulta a identificação. Perto do corpo foram encontrados um cartão de crédito dela e uma sandália que foi reconhecida por uma amiga e por familiares como sendo dela. A confirmação se o corpo é mesmo da vendedora está dependendo de um registro odontológico da jovem.
A Polícia Civil também divulgou nesta segunda-feira informações sobre os outros dois suspeitos de envolvimento no desaparecimento e provável morte. Jobson Barbosa da Silva Júnior, conhecido como Juninho, e Fágner das Chagas Silva, apelidado de Bebé, são os nomes dos envolvidos diretamente no desaparecimento da jovem, segundo o delegado Reinaldo Nóbrega. Os dois e Allex Aurélio são vistos saindo do bar com Vivianny Crisley nas imagens divulgadas pelo estabelecimento.
Investigação
Segundo o delegado, a investigação sobre o desaparecimento de Vivianny se deu a partir do boletim de ocorrência da família. "Com base neste depoimento da família e da amiga dela que estava na festa, começamos a tentar traçar o caminho que ela fez. Solicitamos também os dados do celular dela e do cartão de crédito, para montar esse cronograma", disse Reinaldo Nóbrega.
Com o rastreamento do celular, a polícia identificou que o aparelho de Vivianny estava com uma pessoa na cidade de Santa Rita. "Essa pessoa foi detida e, no depoimento, disse que adquiriu o celular em uma feira livre, que tinha dado o celular dele e mais R$ 50 pelo aparelho, mas que não sabia que era o celular de Vivianny", explicou o delegado.
De posse do celular, a polícia conseguiu chegar até Allex, pois o suspeito havia entrado com uma conta de rede social dele no aparelho dela. "Quando fizemos a prisão de Allex, ele estava com o aparelho que havia sido trocado e confirmou que vendeu o celular para a pessoa em Santa Rita", citou Nóbrega.
O delegado explica que, durante as investigações, Allex não soube explicar onde estaria o corpo de Vivianny e que a polícia chegou a receber várias denúncias sobre onde estaria. "Em pelo menos quatro delas, não tivemos resultado, mas no dia que o suspeito foi preso, recebemos uma de que havia um corpo em uma mata em Bayeux e ao chegar no local, realmente encontramos um", disse Reinaldo.
Cronologia do dia do desaparecimento
De acordo com a polícia, Vivianny passou a noite em um bar no bairro dos Bancários, em João Pessoa, com uma amiga, em uma mesa, enquanto os três suspeitos estavam em outra mesa. "No final da festa, a amiga de Vivianny tentou chamar a jovem para ir embora, mas ela resolveu ficar. Minutos depois, de acordo com as imagens das câmeras do local, Vivianny Crisley saiu com Allex e outros dois colegas, Juninho e Bebé", disse Reinaldo.
Segundo a versão que Allex contou para o delegado, após sair do bar, os quatro foram para a cidade de Santa Rita, na Grande João Pessoa. "Allex diz que dormiu no meio do caminho e que acordou em um posto de gasolina. Quando ele acordou, ele pediu para o Juninho, que estaria dirigindo, o levar para casa. Após deixar Allex em casa, no distrito de Várzea Nova, os outros dois suspeitos e Vivianny seguiram no carro", detalhou Reinaldo Nóbrega.
No depoimento, Allex disse que horas depois, Juninho e Bebé retornam à casa dele sujos de sangue e com o celular de Vivianny Crisley. "Eles deram o aparelho pra Allex e segundo ele, disseram: 'Matamos a menina, porque ela tava gritando muito, pedindo pra voltar para casa'", disse o delegado.
Ainda de acordo com a polícia, Allex contou no depoimento que os outros dois suspeitos tomaram banho e dormiram na casa dele e, no dia seguinte ao desaparecimento de Vivianny, a dupla ainda chegou a levar outras duas meninas e comprou bebida para uma festa na casa de Allex. "As famílias dos outros dois suspeitos dizem que eles chegaram a ir para casa no sábado, um dia depois do crime, mas que depois disso, nunca mais retornaram", disse o delegado.
Os três suspeitos estão sendo indiciados por homicídio qualificado e ocultação de cadáver, segundo o delegado Marcos Paulo Vilela, superintendente regional da Polícia Civil. "A versão dada pelo suspeito preso bate com algumas informações que a gente tem, mas também pode ser completamente mentirosa. Só a prisão dos outros dois e o resultado da perícia vai nos dizer exatamente o que aconteceu", disse Vilela.
Dificuldade para identificar corpo
Conforme a diretora em exercício do Instituto de Polícia Científica (IPC), Gabriela Nóbrega, a análise da arcada dentária do corpo depende de algum registro odontológico de Vivianny em algum consultório onde ela eventualmente fez acompanhamento dentário. Caso o registro chegue até a polícia, a identificação pode sair em até 24 horas. A expectativa do IPC, ao encontrar o corpo, era de divulgar a identificação do corpo em um prazo de até dez dias.
“O corpo foi encontrado esqueletizado. A confirmação só pode ser feita neste caso de duas formas, ou pela análise da arcada dentária ou por meio de exame de DNA. No primeiro caso, o resultado do laudo é muito mais rápido. Por isso estamos aguardando esse retorno a respeito dos registros odontológicos dela para dar uma resposta rápida à família e também para a própria população”, explicou.
Fonte:http://g1.globo.com