Atletas de fim de semana correm risco de morte súbita, alerta Valério Vasconcelos.
Saude e Bem Estar
Publicado em 04/11/2016

Atenção atletas de fim de semana: futebol, corrida ou musculação, podem trazer complicações à saúde que vão de lesões na musculatura, infarto do miocárdio e até de morte súbita. O alerta é do médico Valério Vasconcelos, diretor geral do Centro de Referência em Atenção à Saúde da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e professor de cardiologia da Famene.

Ele informa que, na maioria dos casos de infarto, as pessoas não percebem os sinais apresentados como sintomas de problemas cardiovasculares. O médico observa que os sinais de infarto podem surgir com semanas de antecedência. Ele diz que existem sintomas que vão além da dor no braço esquerdo. “Muitas vezes descobre-se que a pessoa se queixou de queimação no estômago ou dor nas costas dias antes do ataque, mas que na ocasião o problema passou e não foi levado muito a sério. É aí que mora o problema”, ensina.

Ele enfatiza que normalmente, entre uma ou até duas semanas a pessoa apresenta alguns sintomas para os quais ela não vai dar muita importância, pois são passageiros, como uma angina leve. “É muito comum indivíduos sentirem dor no estômago, sensação de enjoo e mal-estar. A pessoa pode até ir ao pronto-socorro, ser medicada, mas dificilmente vai associar a um caso de infarto. Então, alguns dias depois ela acaba infartando. Portanto, a dica é ficar atento, pois se é algo que você nunca sentiu talvez seja necessário investigar. Procure um médico para saber se o seu coração está bem, pois esses sintomas podem indicar que o músculo cardíaco não está recebendo sangue de maneira adequada. Um desses sintomas é uma queimação no estômago, parecido com azia. Sintomas atípicos como dor nas costas e no estômago podem indicar infarto”.

Avaliação é fundamental

“Antes de começar uma atividade é fundamental passar por exames cardiorrespiratórios e avaliação de hábitos alimentares, já que os sedentários podem carregar uma série de problemas inaparentes que podem aparecer de uma hora para outra”, explica Valério Vasconcelos, que além de cardiologista é triatleta.

De acordo com o médico, mesmo uma simples caminhada pode trazer consequências. “Antes de sair caminhando ou correndo por aí, a pessoa deve fazer uma avaliação médica para ver se tem alguma doença. Depois da liberação do médico, a pessoa tem que escolher uma atividade que ela gosta, saber se está liberada sobre o ponto de vista cardiovascular. Até uma simples caminhada pode trazer complicações para quem tem pressão alta sem controle. O indicado é primeiro controlar a pressão alta e começar a atividade com supervisão do educador físico”.

Dicas antes de começar qualquer atividade física

– É importante consultar um cardiologista para que ele defina quais exames complementares, como eletrocardiograma e teste ergométrico, serão necessários para certificar que o exercício não trará nenhum risco.

– A recomendação geral é praticar meia-hora de atividades moderadas cinco dias por semana. Mas é importante lembrar que cada pessoa deve ter seu próprio plano de exercícios. A parceria entre o profissional de saúde e o especialista em educação física é o melhor caminho.

– É extremamente importante respeitar os limites físicos. A respiração ajuda a perceber se você não está forçando a barra. Quanto mais ofegante, maiores são os riscos.

Lesões nos músculos e articulações

Entre os principais problemas que um atleta de final de semana pode sofrer estão as lesões dos músculos e articulações, luxações e fraturas. Segundo o educador físico e personal trainner Rômulo Medeiros a atividade física apenas no final de semana traz muitos problemas à saúde.

“O atleta de final de semana, devido a não manter a continuidade, que é um processo importantíssimo dentro de um planejamento da atividade física, pode está fazendo o efeito reverso para o organismo. Como o corpo não esta adaptado a prática da atividade física durante a semana, quando você vai fazer a prática você acaba extrapolando e isso pode ocasionar várias lesões para o corpo tais como distensão muscular, tendinite, luxação e contusão. Ou seja, se você está disposto a prática de exercícios faça isso com regularidade e disciplina, sua saúde agradece”, observa o professor.

Infarto do miocárdio

O médico Valério Vasconcelos explica que o infarto do miocárdio é consequência da obstrução de uma artéria do coração por um coágulo de sangue sobre a placa de gordura que estava em sua parede, impossibilitando assim, que uma quantidade suficiente de sangue chegue até aquela área do músculo cardíaco. Esta porção do músculo cardíaco sofre um processo de morte celular podendo levar à morte súbita ou à insuficiência cardíaca (coração inchado) que acarreta limitações físicas até a recuperação do quadro clínico.

Cardiologista, Valério Vasconcelos ressalta que dor torácica com aperto ou pressão do lado esquerdo do peito, que pode se irradiar para ambos os braços; suor geralmente frio; palidez cutânea e mal estar, tudo isso normalmente desencadeado por esforço físico ou mental, pode ser um sinal de alerta para a possibilidade do infarto. O cardiologista ressalta que a primeira e mais acertada atitude, antes de se submeter ao início da atividade física, deve ser o check-up para conhecer os limites do corpo. “Quando o sistema cardiovascular é submetido a um esforço pelo qual a pessoa não está acostumada, instala-se uma situação de estresse agudo. Uma das consequências é a liberação de uma grande quantidade de adrenalina na circulação, aumentando a pressão arterial e a frequência cardíaca de forma súbita”, explica.

O teste ergométrico realizado por um cardiologista é uma forma de simular e tentar reproduzir no consultório a mesma situação que acontece quando a pessoa está fazendo a atividade física. Daí a importância da realização prévia do teste ergométrico e de outros exames como ecocardiograma e exames de sangue antes da realização da atividade física.

 

Grupos de risco são ainda mais susceptíveis a terem problemas e devem ter cuidados redobrados. Pessoas acima de 40 anos, fumantes, estressados, diabéticos, hipertensos, pessoas com colesterol alto ou com histórico familiar de doença do coração, fazem parte do grupo de indivíduos que já pode ter um grau de alteração nas artérias coronárias sem saber. Por isso, quando realizam um esforço intenso, pode ocorrer elevação exagerada da pressão arterial e da frequência cardíaca, com risco de desenvolver um infarto do miocárdio ou um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Fonte:http://caririligado.com.br

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